Título: Direita quer desestabilizar governo, diz PT
Autor: Rosa, Vera
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/12/2012, Nacional, p. A10

Documento será divulgado hoje em meio a novo escândalo; Dirceu participa de encontro e afirma que julgamento do mensalão é de "exceção"

Na última reunião do ano, o Di­retório Nacional do PT procu­rou se desvencilhar de escân­dalos como o do mensalão e da máfia dos pareceres, flagrada pela Operação Porto Seguro, e comparou as crises enfrenta­das por administrações petistas a "tentativas de desestabili­zar governos populares", co­mo ocorreu no passado com os presidentes Getúlio Vargas (1930 a 1945 e 1951 a 1954) e João Goulart (1961 a 1964).

O documento do PT a ser apro­vado hoje diz que o partido já foi vítima de uma "campanha de ter­ror", antes da eleição de Luiz Iná­cio Lula da Silva, em 2002.

"Sabe-se que denúncias sobre corrupção sempre foram utiliza­das pelos conservadores no Bra­sil para desestabilizar governos populares", diz um trecho da re­solução, obtida pelo Estado. "Vargas foi levado ao suicídio (em 1954) por insidiosa campa­nha de forças políticas, meios de comunicação e outros agentes in­conformados com sua política na­cionalista e de fortalecimento do Estado. Dez anos depois, por ra­zões semelhantes, esses mesmos atores se reuniram para derrubar o governo João Goulart e impor 20 anos de ditadura do País".

O texto afirma ainda que a "obra monumental" do governo Lula foi atacada "de forma inter­mitente", a partir de 2003, e co­bra a apuração de escândalos en­volvendo o PSDB. "Grandes epi­sódios de corrupção - a votação da emenda da reeleição de FHG, os turvos processos de privatiza­ção nos anos 90 ou o governo Collor, para só citar alguns exemplos notórios - nunca mereceram uma investigação que levasse seus responsáveis à punição pela Justiça", diz o documento.

A resolução ainda pode receber emendas antes de ser aprovada.

Na tarde de ontem, o PT apro­vou resolução que comemora o resultado das disputas munici­pais e diz que está em curso uma campanha contra o parti­do "fora do Parlamento e do processo eleitoral", assemelhando-se "ao conhecido golpismo udenista". Trata-se de uma referência à União Demo­crática Nacional (UDN), que fa­zia franca oposição a Vargas.

Preocupados com a avalanche de denúncias que atingem Lula e o PT no momento em que a eco­nomia patina e a imagem de Dilma como gestora começa a ser ; questionada, petistas defende­ram a presidente, apontaram o de­do para o PSDB e pregaram o "enfrentamento" com os tucanos. Dilma é candidata à reeleição, na disputa de 2014, e o partido avalia ; que, diante do lançamento antecipado do senador Aécio Neves : (PSDB) ao Planalto e do fortaleci­mento do governador de Pernam­buco, Eduardo Campos, presiden­te do PSB, é hora de elevar o tom e comprar briga com a oposição. B

Exceção. Condenado a 10 anos e 10 meses de prisão pelo STF no caso do mensalão, o ex-chefe da Casa Civil José Dirceu participou da reunião e disse, a portas fechadas, que vai se defender do que qualificou como "um julga­mento de exceção". "Eu não vou me calar", disse ele, aplaudido.

-------------------------------------------------------------------------------- adicionada no sistema em: 08/12/2012 07:17