Título: Apesar dos incentivos, produção de veículos tem a 1ª queda desde 2002
Autor: Silva, Cleide
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/12/2012, Economia, p. B1

Mesmo com a redução de impostos e medidas de restrição às importações, a produção de veículos no Brasil vai registrar sua primeira queda em uma década. A indústria automobilística deve encerrar o ano com produção de 3,36 milhões de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, 1,5% a menos que em 2011.

O último resultado negativo havia ocorrido em 2002. A indústria trabalhava com previsão de crescimento de 2% na produção e anunciou a queda ontem, uma semana após o governo informar que o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu apenas 0,6% no terceiro trimestre, deixando dúvidas sobre as perspectivas para o resultado anual.

Já as vendas internas de veículos, complementadas por modelos importados, serão um recorde. Impulsionadas pela redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), devem somar 3,8 milhões de veículos, 4,9% a mais na comparação com 2011.

O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini, disse que o fraco desempenho das exportações derrubou a produção.

"No ano todo mantivemos expectativa de uma reação nas exportações, especialmente a partir da desvalorização do real, mas isso não ocorreu", disse Belini. As vendas externas devem cair 21,3%, para 435 mil unidades, o menor volume desde 2009.

O executivo não vê melhora nas exportações em 2013 - que devem apresentar nova queda de 4,6% -, mas trabalha com cenário mais otimista para a produção, com recuperação puxada pelo mercado interno.

Importados. O aumento de 30 pontos porcentuais do IPI para carros importados, em vigor há um ano, também não teve o efeito esperado na produção, embora as compras do exterior tenham caído 5,8% até novembro.

Do total de carros vendidos até agora, 719,4 mil foram importados. As vendas de modelos nacionais aumentaram 8%, para 2,723 milhões de unidades.

O resultado da produção teve grande impacto dos segmentos de caminhões e ônibus, que caíram, até novembro, 39,4% e 23,4%, respectivamente. Já a produção de automóveis e comerciais leves cresceu 0,9%.

Os dados deste ano têm como base a expectativa de vendas de 367,3 mil veículos em dezembro e produção de 276,7 mil unidades. Até novembro, os licenciamentos de carros apresentaram alta de 4,8% ante igual período de 2011 (3,442 milhões de unidades) e queda de 2,1% na produção (3,983 milhões de unidades).

O resultado da produção em 2012 deve levar o Brasil a perder o posto de sétimo maior produtor de carros do mundo. Já o quarto lugar no ranking de maiores consumidores deverá ser mantido, segundo prevê Belini.

Apesar da baixa na produção, as montadoras contrataram 5,5 mil funcionários e encerram o ano com 150,1 mil trabalhadores.