Título: Brasil melhora a sua posição em ranking de combate à corrupção
Autor: Bottini Filho, Luciano
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/12/2012, Nacional, p. A12

País sobe quatro pontos em ano de Lei de Acesso e condenação de políticos no julgamento do mensalão no Supremo.

No ano do julgamento do mensa­lão e de eleições com a Lei da Fi­cha Limpa, o Brasil melhorou qua­tro posições no ranking de 176 paí­ses com menor percepção de cor­rupção no setor público e alcan­çou o 69º lugar. Os dados foram divulgados ontem pela ONG Transparência Internacional.

Neste ano, o topo do ranking foi compartilhado por Dinamar­ca, Finlândia e Nova Zelândia, com 90 pontos em uma escala de 0 a 100, em que 0 representa um país considerado por especialis­tas como muito corrupto e 100, muito limpo. Apesar dos avan­ços, como a Lei de Acesso à Infor­mação e as recentes condena­ções de políticos, o Brasil obteve apenas 43 pontos no índice.

Pelo levantamento, o País faz parte do grupo de 117 Estados ou territórios com a avaliação me­nor do que 50. Na América Lati­na, o desempenho do Brasil fi­cou bem atrás do Chile e do Uru­guai, que dividiram a 20a posição no ranking, ambos com 72 pon­tos. Os dois países estão acima de Espanha, Portugal e França.

"Houve uma grande melhoria, mas creio que para um país tão importante em termos políticos e econômicos como o Brasil, que deveria servir de exemplo para a América Latina, é preciso fazer mais esforços", afirma o diretor Regional para a América Latina da TI, Alejandro Salas.

De acordo com Salas, o Brasil está progredindo porque, dife­rentemente de outras nações, agiu simultaneamente na cria­ção de leis que combatem a cor­rupção e no Judiciário reduzin­do a impunidade. "O caso do mensalão é importante porque a Justiça está mostrando que aque­les que são poderosos e ricos também pagam", diz ele.

Os gargalos de corrupção que ainda rebaixam o Brasil a níveis inferiores aos da República Do­minicana e da Costa Rica, segun­do Salas, estão na administração pública no interior do País. Ou­tros dois problemas seriam a polícia e as licitações, principal­mente às vésperas da Copa do Mundo e das Olimpíadas.

A corrupção no Brasil, para Sa­las, é também uma questão de mentalidade. "Os brasileiros têm que entender que a corrup­ção não é só o dinheiro que rou­bam os políticos. Falta que os ci­dadãos, que muitas vezes são par­te do problema, também sejam parte da solução", afirma.

Em 2012, Afeganistão, Coreia do Norte e Somália dividem a úl­tima, posição da lista (174a). Se­gundo nota da TI, nesses países, que já estavam no final da classifi­cação no resultado anterior, "fal­tam lideranças confiáveis."

A ONG alerta que a metodolo­gia do índice, que usa opiniões de analistas, empresários e inves­tidores, varia ao longo dos anos e que não é possível fazer uma comparações de longo prazo.