Título: A produção industrial reage, mas sem investir
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/12/2012, Economia, p. B2

A indústria esperava que, em outubro, sua produção apresentasse crescimento de 1,2% em relação a setembro. Ficou em 0,9%, resultado que de qualquer forma deve ser recebido com satisfação, especialmente num setor em que não há quase investimento.

Convém destacar alguns pontos positivos. Em relação a outubro de 2011, mês em que seria normal levar em conta a preparação para as festas natalinas, o aumento da produção foi de 2,3%. Três categorias de uso (bens de consumo duráveis, bens intermediários e bens de consumo semi e não duráveis) apresentaram saldo positivo. Dos 27 ramos analisados, 13 tiveram aumento de produção de setembro a outubro e 72,5% dos bens produzidos estão em crescimento, porcentual que nunca havia sido obtido desde que a série estatística é feita.

Considerando que outubro é o mês em que se intensifica a produção que será oferecida às lojas para o Natal, é interessante comparar a produção deste ano com a do mesmo mês do ano passado.

Entre os bens de capital houve um recuo geral de 5,8%, porém um avanço de 0,1%, para bens industriais, e outro nitidamente favorável, de 7%, para equipamentos usados nas atividades agrícolas. Um forte recuo (22,8%) aparece nos investimentos para construção, sugerindo uma certa saturação no setor.

Entre os bens intermediários registra-se queda nos do setor petrolífero, enquanto os defensivos agrícolas acusam aumento da produção de 25,5%. Entre os bens de consumo duráveis, o crescimento de 13,6% se explica pelo dos automóveis, de 23,8%, que mais adiante pode cair; e de 19,2% dos eletrodomésticos da linha branca, em vista das festas de fim do ano. Já os eletrodomésticos da linha marrom apresentaram recuo, certamente motivado por estoques elevados.

Os bens de consumo semi e não duráveis tiveram crescimento mais modesto, de 2,5%, com distorção para o álcool e a gasolina, cujo aumento foi de 14,7%.

É fácil entender que esses resultados produzam um razoável otimismo no setor industrial. No entanto, é necessário encará-los com certa dose de prudência. Em primeiro lugar, nada estará assegurado, em termos de crescimento, enquanto a indústria não investir pesado para modernizar e baratear sua produção e enquanto o governo não conseguir dar um verdadeiro impulso à melhoria da infraestrutura do País.

Prudência ainda maior cabe no exame da produção de automóveis, que depende essencialmente de isenções fiscais, assim como os móveis e os eletrodomésticos.