Título: Economistas defendem metodologia do IBGE
Autor: Froufe, Célia; Veríssimo, Renata
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/12/2012, Economia, p. B8

Embora os dados do Produto In­terno Bruto (PIB) do terceiro tri­mestre, divulgados pelo Institu­to Brasileiro de Geografia e Esta­tística (IBGE) na semana passa­da, tenham vindo abaixo do pro­jetado pelo mercado, economis­tas ouvidos pelo Estado defende­ram ontem a metodologia do ins­tituto. Em audiência no Senado, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que pediu ao IBGE uma revisão dos dados do PIB referentes à saúde e educa­ção públicas - sugerindo proble­mas no cálculo do consumo do governo. Procurado, o IBGE não se manifestou sobre o assunto.

A equipe de economistas da gestora carioca JGP não chega ao nível de detalhe de projetar o consumo do governo no PIB, mas seu economista-chefe, Fer­nando Rocha, destacou que o fa­to de o governo gastar mais com saúde e educação não significa maior consumo do governo. Des­pesas com salários de professo­res e médicos são incorporados no PIB pelo consumo das famí­lias, e não do governo. "O que é o valor agregado pelo governo não é o que o governo gasta, mas o que ele provê em serviços dire­tos", disse Rocha.

Resumidamente, o governo ar­recada impostos para retomar os recursos com serviços públi­cos, tendo no caminho uma série de gastos intermediários, como salários e outros insumos. Essa forma de calcular o consumo do governo, completou Rocha, se­gue preceitos internacionais e é transparente, Solange Srour, economista-chefe da BNY Mellon ARX, outra gestora de recur­sos sediada no Rio, reconheceu que as projeções sobre o consu­mo do governo previam um nú­mero maior, "mas daí para dizer que (o IBGE) está errado é muito difícil".

Além disso, a economista res­saltou que, se há erros de meto­dologia e for o caso de revê-la, seria preciso mudar os dados pas­sados. Ou seja, uma mudança pa­ra permitir um crescimento maior do PIB no terceiro trimes­tre deste ano poderia levar a revi­sões anteriores - para baixo ou para cima, ninguém sabe.

Um economista que traba­lhou no IBGE afirmou ao Esta­do que pressões como a exerci­da publicamente ontem pelo mi­nistro Mantega têm sido cada vez menos freqüentes, "como resposta ao reconhecimento do trabalho do IBGE pelo merca­do".