Título: Atirador tinha distúrbio, diz irmão
Autor: Marin, Denise Chrispim
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/12/2012, Internacional, p. A20

Sob o impacto da tragédia de Newtown, a polícia de Connecticut e a imprensa americana tentavam ontem recolher in­formações sobre Adam Lanza, o autor do assassinato de sua mãe, do massacre de 26 pes­soas na escola Sandy Hook e de sua própria morte. Os indí­cios colhidos até o final da ma­nhã de ontem apontavam para uma combinação conhecida em outros episódios trágicos nos Estados Unidos - distúr­bio mental e acesso a armas.

À polícia, o irmão de Adam, Ryan Lanza disse que o irmão ti­nha distúrbios psiquiatras, inforrmou uma fonte da investigação à agência Associated Press. O Wa­shington Post trouxe ontem a in­formação de que a mãe de Adam e sua primeira vítima, Nancy, co­lecionava armas. O atirador car­regava consigo duas pistolas semiautomáticas quando ingres­sou na escola, recebido pela pró­pria diretora, Dawn Hochsprung, outra de suas víti­mas. Ele deixara no carro um fu­zil e trazia consigo o documento de identidade do irmão, o conta­dor Ryan, quatro anos mais ve­lho, o que provocou a confusão inicial sobre a identidade do ati­rador. A diretora o reconheceu porque sua mãe era professora no colégio e o deixou entrar.

De acordo com a imprensa lo­cal, Adam teria se formado em 2010 na Newtown High School. Antigos colegas o descreveram como um jovem inteligente, mas inquieto e com poucos amigos.

Vizinhos e colegas de Adam na escola recordaram do antigo co­lega como um menino tímido, do tipo que não olha nos olhos das pessoas quando fala e de difí­cil socialização. Mas fazia parte do clube de tecnologia, tinha es­pecial interesse em computado­res e era reverenciado como o gê­nio da classe.

Ao Washington Post, o vizinho Ryan Kraft, de 25 anos, lembrou que Nancy Lanza o deixara vá­rias vezes em sua casa quando a família saia para jantar fora por­que ele brigava com o irmão. Quando garoto, ele parecia de­primido, birrento, mas não vio­lento, segundo o vizinho.

Não há evidências precisas sobre qual distúrbio Adam sofria. Vários vizinhos e conhecidos ou­vidos pelo New York Times mencionaram ter ele a Síndrome de Asperger, uma espécie de autis­mo. Aparentemente, o processo divórcio de Nancy e Peter Lanza, concluído em 2009, teve impac­to na saúde mental de Adam. Pe­ter é vice-presidente da GE Energy Financial Services e mo­ra na cidade de Stamford, tam­bém em Gonnecticut, com sua nova família. O irmão Ryan tam­bém deixou o convívio de Adam e Nancy para morar em Hoboken, em Nova Jersey.

No ataque que matou 20 crianças e 7 adultos na escola de Newtown, Adam atirou em alunos de duas salas. De todas as suas vítimas, apenas uma sobreviveu e está internada no Hospital de Danbury. Das crianças mortas, 18 morreram na escola e outras 2 no hospital.

O armamento - uma Glock e uma SigSauer- na escola e um fuzil Bushmaster .223 estavam re­gistradas em nome da mãe, Nancy Lanza, que seria colecio- nadora de armas. Segundo a polícia de Connecticut, todas as vítimas já foram identificadas, mas seus nomes não serão divulgados para preservar a privacidade das famílias.

0 ataque. A polícia de Newtown recebeu um chamado de emergência às 9h30 (12h30, no horário de Brasília) da Sandy Hook Elementary School, onde estudam cerca de 626 crianças e adolescentes, segundo o tenen­te da Polícia de Connecticut, J. Paul Vance. Uma equipe da Swat foi enviada para reforçar a res­posta policial.

A chegada da polícia permitiu a retirada da escola das crianças em pânico e desagasalhadas, ape­sar da temperatura abaixo de ze­ro. Já do lado de fora, professo­res tremiam e choravam. Todos tiveram antes de passar por uma revista.

O pânico, envolveu os alunos e os professores e funcionários da escola. Ivonne Cech, uma bibliotecária da Sandy Hook, disse ter se trancado por 45 minutos em um armário com 18 alunos da quarta série - todos ao redor de 10 anos de idade - com dois balconistas e um assistente.

"Uma equipe da polícia nos encontrou e nos retirou da escola", disse a bibliotecária ao The New York Times. .

Na noite de sexta, a população da pequena cidade se reuniu nas igrejas locais para rezar pelos mortos. De acordo com a rede de televisão CNN, a cidade de New­town registrou apenas um assas­sinato nos últimos 10 anos.

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