Título: Brasil perde posto de 6º maior economia
Autor: Modé, Leandro
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/12/2012, Economia, p. B5

Desvalorização do real ante o dólar fraco desempenho do PIB nos últimos trimestres fazem Reino Unido recuperar lugar perdido em 2011

A desvalorização do real em re­lação ao dólar fez o Brasil per­der o sexto lugar no ranking das maiores economias do mundo. Considerando o de­sempenho do Produto Inter­no Bruto (PIB) no 40 trimestre de 2011, e no i°, 20 e 30 trimestres deste ano, o País voltou pa­ra a sétima posição, atrás do 1 Reino Unido. A atividade eco­nômica brasileira em marcha lenta foi decisiva para que a distância entre os dois países subisse para a casa dos US$ 200 bilhões, o equivalente ao PIB da Romênia.

A Economist Intelligence Unit "(EUS) y responsável pelo le­vantamento, calcula que a economia do Brasil só voltará a ultra­passar a britânica em 2016. "Se­gundo nossas estimativas, o País vai continuar crescendo mais do que o Reino Unido ao longo des­ses anos, mas, levando em conta a evolução da taxa de câmbio pro­jetada para o período, o Brasil só voltará a ser sexto em 2016", explicou o economista da EIU res­ponsável pela América Latina, Robert Wood.

A EIU, braço de análise da re­vista britânica Economist, consi­dera no levantamento apenas o PIB nominal dos países (resulta­do da soma das riquezas produzi­das) convertido em dólar. Por is­so, na "disputa" Brasil/Reino Uni­do, pesou a expressiva desvalori­zação do real ante a moeda ameri­cana em 2012. Até sexta-feira, o dólar ganhava quase 12% na com­paração com o real. No mesmo período, a libra esterlina acumu­lava valorização de quase 4% em relação à moeda americana.

Como é inimaginável que o Brasil cresça os cerca de 16% que compensariam o desempenho das taxas de câmbio no ano, o País perderia a sexta posição do ranking de qualquer forma. No entanto, se o desempenho da economia brasileira fosse me­lhor, a diferença entre os dois paí­ses seria inferior aos quase US$ 196 bilhões de hoje.

Diferentes réguas. O Brasil cresceu 0,796 de janeiro a setem­bro deste ano, enquanto o Reino Unido registrou estagnação no período. Caso o Brasil tivesse crescido no mesmo ritmo de ou­tros pares latino-americanos, co­mo Chile e Peru, que vêm se ex­pandindo na casa dos 5%, teria encurtado a distância. O PIB nominal em dólar é ape­nas uma das métricas usadas pa­ra medir o tamanho e o dinamis­mo de uma economia.

Correia lembra que, no ran­king do Banco Mundial que me­de o PIB per capita, o Brasil ocu­pa apenas a 75a posição. "No ca­so dos rankings que mensuram a qualidade da educação, a situa­ção é ainda pior: o Brasil está no 88° posto."

Independentemente da métri­ca escolhida, é consenso que o Brasil precisa crescer mais rápi­do para melhorar as condições de vida da população, o que se refletirá nos diferentes rankings comparativos. "Várias questões que contribuíram para a expan­são mais forte do Brasil nos últi­mos anos não estão mais sopran­do a favor", disse Wood, referindo-se ao "boom" dos preços das commodities, mercado de traba­lho favorável e mudança estrutural no crédito. "Daqui para a fren­te, o País precisa ter ganhos de produtividade, o que passa por um menor ativismo do Estado, entre outros fatores."

O economista-chefe da Sul América Investimentos, New­ton Rosa, vai na mesma linha. Pa­ra ele, o governo brasileiro preci­sa de uma agenda que resulte em mais investimentos na econo­mia. "Não vamos mudar nossa situação no curto prazo, mas é preciso um esforço grande para aumentar a produtividade e a competitividade do País."

Rosa observa ainda que a mé­dia de crescimento do PIB nos dois primeiros anos do governo Dilma é inferior a 2% ao ano -2,7% em 2011 e 1% estimados pa­ra 2012. Para o ano que vem, o economista da Sul América pro­jeta alta de 3,3% do PIB, o que elevaria a média anual para 2,3%.

"A queda do Brasil no ranking mundial das maiores economias decorre, principalmente, da taxa de câmbio. Mas, independente­mente disso, o desempenho da economia tem sido fraco."

Para Correia, do Insper, se o Brasil mantivesse uma média de crescimento anual ao redor de 3%, conseguiria, pouco a pouco, reduzir a distância para as econo­mias mais bem colocadas no ran­king. "Não importam muito as variações de curto prazo da eco­nomia, mas seu desempenho em um período mais longo de tem­po", comentou.