Título: Ultimo leilão de energia do ano tem deságio de 21,7%
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Fonte: O Estado de São Paulo, 20/12/2012, Economia, p. B6

Espanhola Abengoa foi a maior vencedora, com a compra de três dos oito lotes ofertados; empresa chegou a dar 308 lances por uma linha

O último leilão de transmis­são de energia elétrica de 2012 teve deságio médio de 21,7%, mas nem todos os empreendi­mentos foram arrematados. Um lote composto por três li­nhas de transmissão no Esta­do do Acre não recebeu nenhu­ma proposta. Nos demais lo­tes, houve disputa acirrada pe­las linhas. A maior vencedora foi a espanhola Abengoa, que arrematou três dos oito lotes ofertados.

Na disputa por uma linha em Minas Gerais, a empresa chegou a dar 308 lances, o que representou um recorde nos leilões já realizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O lote foi arrematado com deságio de 16,61%. A espanhola levou ainda uma linha de transmissão e duas subestações, nos Estados de Cea­rá e Rio Grande do Norte, além de outro lote composto por seis linhas de transmissão e duas su­bestações, no Piauí, Maranhão, Tocantins e Bahia.

O lote que teve o maior desá­gio foi o de uma subestação em Piracicaba, em São Paulo. A CPFL Energia venceu a disputa ao oferecer um desconto de 39,42%. Segundo a Aneei, a subes­tação vai ajudar a aumentar a confiabilidade do sistema de transmissão e diminuir o nível de perdas.

O leilão de ontem também marcou a entrada da J&F, hol­ding do frigorífico JBS, no setor elétrico brasileiro. A compa­nhia, em parceria com Furnas, ar­rematou a concessão de um lote composto por uma linha de transmissão a ser construída en­tre os Estados de São Paulo e Mi­nas Gerais. "Esse é o nosso pri­meiro investimento no setor, que é atrativo e tem espaço para novos -grupos", afirmou o dire­tor de Novos Negócios da hol­ding J&F, Humberto Farias, após a conclusão do leilão.

Para vencer a disputa, a J&F estruturou o Fundo de Investi­mentos em Participações (FIP) Caixa Milão, que será adminis­trado pela Caixa. O executivo afirmou que a J&F detém 100% das cotas deste FIP.

"Temos para este FIP R$ 1 bi­lhão para investimentos como equity", revelou. Farias disse que a J&F poderá usar este FIP para entrar em outros investi­mentos ou usar a própria hol­ding para constituir consórcios.

As novas instalações leiloadas ontem vão demandar investi­mentos de R$ 4,3 bilhões em 11 Estados, com geração de 8.623 empregos diretos. O prazo de conclusão das obras será de 22 a 36 meses e os contratos de con­cessão são de 30 anos.

Comemoração. A exemplo do discurso adotado após o leilão de energia da semana passada, o governo federal usou o resulta­do do leilão de transmissão co­mo prova de sucesso do modelo do setor elétrico brasileiro de­pois das pesadas críticas provo­cadas pela Medida Provisória (MP) n.° 579. "Ao contrário do que muitos diziam, a MP não es­tá afugentando os investidores", comemorou o presidente da Em­presa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim.

Na mesma linha, o diretor-geral da Agência Nacional de Ener­gia Elétrica (Aneei), Nelson Hubner, afirmou que o modelo brasi­leiro de expansão da geração e da transmissão é referência interna­cional, reconhecido, inclusive, pelo Banco Mundial. "A Inglater­ra acabou de adotar um modelo absolutamente semelhante ao que temos no Brasil, e o Banco Mundial, no estudo sobre o se­tor energético mundial, escre­veu um capítulo sobre o Brasil. A entidade recomenda o modelo brasileiro no aspecto da expan­são", argumentou Hubner.

COLABOROU RENÉE PEREIRA