Título: Herdeiro é moderado e pragmático
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Fonte: O Estado de São Paulo, 10/12/2012, Internacional, p. A10

Nicolás Maduro, chanceler e vice-presidente da VenezueLa

O chanceler e vice-presidente da Vene­zuela, Nicolás Ma­duro, designado pelo presidente Hugo Chá­vez como seu sucessor caso fique "incapacitado de gover­nar", é uma figura de tendên­cia moderada, mas aprecia­da por importantes aliados, como Cuba. Chávez definiu Maduro como "um tremen­do chanceler", "um revolu­cionário por completo, um homem com muita experiên­cia, apesar de sua juventu­de" e afirmou que ele é "um dos líderes jovens de maior capacidade para dirigir o des­tino da Venezuela com sua mão firme, com seu olhar, seu coração de homem do povo, com suas habilidades interpessoais, com o reco­nhecimento internacional que ganhou".

Seu nome apareceu com força como possível suces­sor de Chávez desde a detec­ção de um câncer no presi­dente, em junho de 2011, o que o obrigou a se submeter a várias intervenções cirúrgi­cas e a longos períodos de tratamento em Havana. No início da crise de saúde, e com Chávez afastado da vi­da pública por quase um mês, Maduro anunciou que opresidente havia sido ope­rado de um "abscesso pélvi­co" e depois o visitou fre­quentemente em Havana durante o tratamento.

Na última sexta-feira, quando Chávez retornou a Havana para tratamento de oxigenação hiperbárica, o presidente estava acompa­nhado de Maduro, que apare­ceu descendo as escadas do avião atrás do líder bolivariano. O gesto foi interpretado muito muitos analistas co­mo uma chave da futura su­cessão presidencial na Vene­zuela.

Maduro foi nomeado vice-presidente após a reeleição de Chávez, dia 7 de outubro, mas foi mantido à frente da chancelaria, cargo que ocu­pa desde meados de 2006, pouco antes de o presidente ter sido reeleito para seu se­gundo mandato. Aos 49 anos, ele foi condutor de trens do metrô de Caracas e líder sindical. Sem formação superior, Maduro participou da campanha que elegeu Chávez, em 1998. Com a as­censão do chavismo, elegeu- se deputado em 1999 e presi­diu a Assembleia Nacional entre 2005 e 2006, quando assumiu a chefia do Ministé­rio das Relações Exteriores.

Com o tempo, ele ganhou proeminência dentro do cha­vismo e é tido como um dos interlocutores mais próxi­mos do presidente. No perío­do em que esteve à frente da chancelaria, Maduro ga­nhou fama de amável entre diplomatas da região, mas também fez inimigos. Em junho, ele foi acusado de tentar convencer os militares paraguaios a impedir o impeachment do presidente Fernando Lugo.

O cientista político Ricar­do Sucre, da Universidade Central da Venezuela, desta­ca as qualidades de Maduro: "Não é ruidoso verbalmente e parece ser uma pessoa com natureza de chanceler, disposta ao diálogo". "Além disso, é a opção dos líderes cubanos Fidel e Raúl Cas­tro." A historiadora Margarita López Maya afirma que sua característica mais mar­cante é a "fidelidade". Segun­do ela, Maduro sempre foi o melhor porta-voz internacio­nal do chavismo. Como chanceler, ele adotou ao pé da letra o discurso anti-im­perialista do presidente, hos­til aos EUA, e defesa dos re­gimes da Síria ou da Líbia. /

AFPe REUTERS