Título: Tesouro vai bancar corte de 20% na conta de luz
Autor: Rodrigues, Eduardo ; Veríssimo, Renata
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/12/2012, Economia, p. B6

Dilma voltou a criticar as estatais que não aderiram ao pacote de energia; impacto do custo da redução acima de 16,7% ainda não foi calculado

A presidente Dilma Rousseff classificou como "equívoco" a avaliação de que a renovação das concessões tirou receita das empresas do setor elétrico. Sem citar nomes, voltou a alfinetar as estatais dos Estados controlados pelo PSDB que não aderiram ao pacote.

Segundo ela, o objetivo do governo de baixar a conta de luz contou com "não colaboradores", mas o Tesouro vai bancar a diferença e garantir um desconto médio de 20% para consumidores e indústrias.

A presidente aproveitou a solenidade do anúncio de medidas para estimular a concorrência nos portos para responder às críticas da oposição. "Nós não estamos tirando de ninguém. É um equívoco. Nós estamos devolvendo. Até tributo nós estamos devolvendo", afirmou, em referência aos encargos setoriais que não serão mais cobrados nas contas a partir de 2013.

"Nós fizemos uma proposta de reduzir o preço da energia elétrica. Essa proposta não foi feita com o chapéu alheio. Esse chapéu que nós estamos usando é de todos os brasileiros, porque é deles a energia elétrica. Eles pagaram por isso", disse.

Foi um recado direto ao governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), que usou essa expressão para explicar por que a Copel, empresa controlada pelo Estado, não aceitou prorrogar os contratos de suas usinas.

Custo. Dilma não informou quanto o Tesouro terá de aportar para que o custo da energia seja reduzido em 20%. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que ainda não está definido de que forma isso será feito. Mas a presidente já adiantou que o esforço não será "trivial". Com a adesão das concessionárias de geração e transmissão, a União conseguiu garantir queda de 16,7%.

"Nós tivemos não colaboradores nessa missão. E quando você tem não colaboradores, os não colaboradores deixam no seu rastro uma falta de recursos. Essa falta de recursos vai ser bancada pelo governo federal."

Foi mais uma resposta à oposição, dessa vez ao senador Aécio Neves (PSDB-MG). Nome mais cotado do partido para as eleições presidenciais de 2014, o senador mineiro disse que Dilma faria "estelionato eleitoral" se não conseguisse manter a promessa do desconto de 20%.

"A responsabilidade por não ter feito isso é de quem decidiu não fazer. Não há possibilidade de tergiversar", disse ela. "Nós vamos fazer esse esforço porque nós temos compromisso com este país."

A presidente voltou a defender o governo e disse que a renovação das concessões sem redução de tarifas e receitas não seria correta. "O Brasil tem hora para tudo. Tem hora para a gente não prorrogar e tem hora para a gente prorrogar. A hora de prorrogar passou. Agora é a hora de devolver. E por isso, nós iremos devolver."