Título: Ainda tem muita espuma no câmbio, avalia BC
Autor: Cucolo, Eduardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/12/2012, Economia, p. B7

Para Banco Central, mercado especula com cotação da moeda dos EUA achando que há um teto; ontem, dólar caiu pelo 4º dia seguido e fechou a R$2,079

O Banco Central avalia que o atual patamar do real frente ao dólar ainda tem "muita espuma" e não reflete a realidade dos fundamentos econômicos do Brasil. No entender da instituição, a taxa de câmbio está mais desvalorizada do que deveria estar. Para o BC, as cotações estão espelhando especulações do mercado, no sentido que existe uma banda cambial e que o governo desejaria um real mais desvalorizado, avaliação que seria equivocada.

A avaliação, repassada no final da manhã de ontem à Agência Estado, contribuiu mais uma vez para a moeda americana fechar o dia em queda.

Somente no início deste mês, o dólar já acumula um recuo de 2,26%.Depois de alcançar R$ 2,135 no começo da semana, a moeda fechou ontem com queda de 0,95%, vendida a R$ 2,079.

Na segunda-feira, o BC já havia feito uma série de intervenções no mercado para segurar as cotações, com uma injeção de recursos acima de US$ 2 bilhões. Nos dias seguintes, o governo reviu duas medidas cambiais, anunciadas no começo do ano parar frear a entrada de moeda no País. Com isso, ampliou a isenção de impostos para estimular a captação de empréstimos em dólares e aumentar a entrada de dinheiro vindo do exterior.

Entradas. As medidas cambiais atingem as operações que puxaram a queda de 65% na entrada de dólares no País neste ano até novembro: os empréstimos externos para empresas e exportadores.

A entrada de dólares por meio de operações de Pagamento Antecipado (PA) de exportações caiu 21% neste ano. Na terça-feira, o BC ampliou o prazo dessas operações de um para cinco anos. Para os empréstimos externos, que recuaram 70%, o Ministério da Fazenda reduziu anteontem de dois para um ano o prazo dos financiamentos externos que precisam pagar 6% de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que a queda da taxa de juros abriu espaço para a mudança no imposto. Antes, na avaliação do governo, grande parte da queda do dólar estava ligada a operações especulativas, de investidores que entravam no País para lucrar com a diferença entre os juros aqui e no exterior. Essa diferença hoje é menor do que no início do ano. O governo nega que esteja tentando definir uma cotação para o dólar.