Título: Zona do euro entra em recessão pela 2ª vez em três anos
Autor: Leopoldo, Ricardo ; Modé, Leandro
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/12/2012, Economia, p. B10

PIB recuou pelo 2º trimestre seguido e, se não fossem as vendas aos emergentes, situação seria pior

A zona do euro entra oficialmente em nova recessão - a segunda em três anos - , tem sua previsão de crescimento para 2013 rebaixada e as autoridades adiam para 2014 a recuperação da expansão. Dados divulgados ontem em Bruxelas indicaram que, se não fosse pelas exportações do Velho Continente para os mercados emergentes que ainda crescem, a recessão na zona do euro seria ainda mais profunda.

O dia começou com as informações da Eurostat, a agência de estatísticas da União Europeia, de que a zona do euro registrou uma retração no PIB pelo segundo trimestre seguido. Entre julho e setembro, a contração foi de 0,1%. Três meses antes, a queda havia sido de 0,2%. Os números confirmaram a segunda recessão no Velho Continente em menos de três anos.

Em relação a 2011, a queda é ainda mais acentuada, de 0,6%. Se o cálculo incluir os 27 países do bloco, a UE evitou a recessão, com uma alta de 0,1%.

Mas as notícias ruins não haviam terminado. Horas depois, o Banco Central Europeu anunciou que o cenário negativo iria se manter por 2013 e que estava revendo para baixo a previsão de crescimento para o próximo ano. Assim, o BCE adiou a recuperação para 2014.

A nova previsão aponta para uma queda do PIB de até 0,9% em 2013. Na melhor das hipóteses, haveria um crescimento de apenas 0,3%. Há seis meses, a projeção era de que haveria uma expansão na Europa de 0,5% já no próximo ano.

Para 2012, a retração ficará entre 0,4% e 0,6%. "A fragilidade econômica na zona do euro deve continuar em 2013", afirmou Mario Draghi, presidente do BC europeu. "Uma recuperação gradual começaria no final de 2013", disse. Para 2014, a projeção é de um crescimento que poderia variar entre 0,2% do PIB e 2,2%.

Apesar da recessão, Draghi optou por manter intocada a taxa de juros em 0,75%, a mais baixa já da história.

A revisão do crescimento para 2013 ocorre diante das incertezas por conta da crise da dívida e dúvidas sobre a questão fiscal americana. Na esperança de lutar contra a recessão prolongada, Draghi insistiu na necessidade de recuperar os níveis de crédito na economia europeia.

Ele se recusou, no entanto, a aceitar a acusação de que seriam as políticas de austeridade que estariam jogando o continente em recessão. "Os ajustes não são os remédios que matam", disse. "Não podemos esquecer que estamos nessa situação por conta das políticas pobres ou pela falta de decisões que marcaram a etapa prévia da crise, que não fez mais que aflorar os problemas anteriores", disse Draghi.

Na avaliação dos próprios órgãos de Bruxelas, a situação só não é mais negativa porque a Europa continua a expandir suas exportações, principalmente carros e máquinas alemãs. Com os países europeus em recessão, o destino desses produtos tem sido os mercados emergentes.