Título: Lula recebe apoio de governadores e parlamentares
Autor: Bresciami, Editarão
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/12/2012, Nacional, p. A6

Atos de desagravo por causa de acusações de Valério ocorrem em São Paulo e Brasília um dia após fim do julgamento do mensalão Dcríene Cardoso)

Oito governadores, entre eles - um tucano, estiveram ontem em São Paulo a fim de "prestar solidariedade" ao ex-presiden­te Luiz Inácio Lula da Silva por causa das recentes acusa­ções do empresário condena­do Marcos Valério segundo as quais o petista deu "ok" aos empréstimos fraudulentos do mensaião e teve até despesas pessoais pagas pelo esquema. Valério prestou depoimento à Procuradoria-Geral da República em 24 de setembro deste ano, dias após ser condendenado pe­lo Supremo por operar o esque­ma de pagamento de parlamenta­res que funcionou entre os anos de 2003 e 2005, durante o primei­ro mandato de Lula no Planalto. O ex-presidente afirma que as acusações feitas por Valério são uma "mentira". Ministros da pre­sidente Dilma Rousseíf e dirigen­tes do PT j á haviam saído publica­mente em defesa de Lula. O governador de Pernambu­co, Eduardo Campos (PSB),cujo nome se fortaleceu para a suces­são de 2014 após as eleições mu­nicipais deste ano, não compare­ceu ao encontro de ontem, reali­zado no Instituto Lula, na zona sul paulistana. Ele justificou a au­sência dizendo que não poderia faltar à diplomação do prefeito eleito do Recife, Geraldo Julio (PS B), que derrotou a chapa pe­tista na capital em outubro. que isso não é respeitoso para com a figura do ex-presidente e com a memória do Brasil", afir­mou o governador dot]eará, Cid Gomes (PSB). Segundo ele, po­rém, o julgamento do mensalão foi mencionado, mas não tomou todo o tempo do encontro. Participaram, da reunião no Instituto Lula os governadores Tião Viana (PT-AC), Camilo Ca-piberibe (PSB-AP), Jaques Wag­ner (PT-BA), Sérgio Cabral (PMDB-RJ), Silvai Barbosa (PMDB-MT), Agnelo Queiroz (PT-DF) e Teotónio Vilela Filho (PSDB- AL). O tucano, inclusi­ve, foi um dos porta-vozes do grupo ao final da reunião. O governador do PSDB disse ser "um velho amigo" de Lula. Aos jornalistas, Teotónio Vilela Filho disse que apesar de ser de um partido de oposição ficou à vontade no encontro porque es­tava "entre companheiros". "Sou amigo pessoal do presi­dente Lula e o Estado de Alagoas é muito grato à postura republica­na, solidária e parceira que o pre­sidente Lula teve para com o Es­tado," afirmou o tucano. "O pre­sidente Lula tem um grande ser­viço prestado ao Brasil assim co­mo teve o presidente Fernando Henrique Cardoso. Não é uma denúncia de um Marcos Valério que vem desmanchar o trabalho que foi feito", acrescentou o go­vernador do PSDB, afirmando que figuras prestigiadas interna­cionalmente como Lula e FHC "precisam ser preservadas". O petista Ag­nelo Queiroz questionou a estra­tégia "rasteira e sórdida" de alguns grupos, que segundo ele tentam desconstruir a imagem de Lula. "Não podemos admitir i a tentativa de desconstruir a ima­gem do presidente Lula da for­ma como estão fazendo", disse. Segundo Cid Gomes, durante , o encontro os governadores tam­bém falaram sobre reforma e va­lorização da política, além do te­ma mais quentes no Congresso Nacional como a distribuição dos royalties do petróleo. Segundo relatos dos governa­dores, Lula defendeu o diálogo entre os Estados produtores e não produtores de petróleo e a busca de um consenso. "O presi­dente sempre pregou o diálogo, mas às vezes se tem de radicali­zar para encontrar um caminho paraso meio termo", afirmou Cid Gomes* Parlamentares do Congresso também realizaram ontem um ato pró-Lula em Brasília, coman­dados por peristas e aliados. O líder do governo Dilma Rousseff na Câmara dos Deputa­dos, Arlindo Chinaglia (PT-SP), fez um dos discursos mais vee­mentes. "Lula é um baluarte do povo brasileiro. Lula é o maior presidente do Brasil", disse. "Sabemos que ele, de maneira sóbria e elegante, teve a atitude de lutar com aqueles companhei­ros que queriam que ele tivesse mais um ou dois mandatos conse­cutivos", complementou. Favorito para ocupar a presi­dência da Casa no próximo ano, Henrique Eduardo Alves regis­trou o apoio do PMDB ao ato. "O presidente Lula é um. patrimônio do País, o que ele fez mudou a história do País. Por isso a minha posição é de respeito ao, talvez, maior presidente da história do ! Brasil", afirmou o peemedebista. Irmão de José Genoino, conde­nado no mensalão por eorrup-: cão ativa e peculato, o deputado José Guimarães (PT-CE) não fez no discurso qualquer men­ção ao julgamento no STF limi­tando-se a repetir as palavras de ordem do evento. "Lula, mexeu contigo, mexeu com o Brasil, me­xeu com a democracia", disse. Convocado pelo líder petista, Jilmar Tatto (SP), o ato contou ainda com a presença de políti­cos de PSB, PP, PTB, PR, PV, PC do B, entre outros. O atual presi­dente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), também participou. Ab­solvido pelo Supremo, o ex-depu-tado Paulo Rocha (PT-PA) este­ve presente, mas não discursou. Pés. Ambas as manifestações pró-Lula ocorrem um dia depois de o Supremo concluir o julga­mento do mensalão, no qual a an­tiga cúpula do PT e o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu foram condenados, segundo os minis­tros da Corte, por comprar votos no Congresso Nacional no gover­no Lula. As acusações feitas por Marcos Valério no dia 24 de setem­bro ainda não foram incluídas em nenhuma investigação sobre o ca­so. O Ministério Público Federal pode, a partir de agora, abrir um procedimento para saber se há de fato alguma prova de suas declara­ções. Pode também pedir o arqui­vamento do depoimento.