Título: PIB do terceiro trimestre decepciona e indica crescimento de apenas 1% em 2012
Autor: Dantas, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/12/2012, Economia, p. B1

O resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre foi muito pior do que o previsto pelo governo e pelo mercado, provocando uma onda de choque entre analistas econômicos e operadores do sistema financeiro.

As apostas dos investidores no mercado de juros futuros caíram, indicando a manutenção da Selic em 7,25% ao longo de todo o próximo ano. O PIB do terceiro trimestre derrubou as projeções de crescimento não só de 2012, como também de 2013. A Confederação Nacional da Indústria, por exemplo, prevê agora crescimento de apenas 0,8% este ano, e as projeções de bancos e consultorias tendem para o nível em torno de 1%, ou até abaixo disso.

Para 2013, já há uma onda de revisões para baixo, e alguns analistas creem que a previsão média migrará do nível em torno de 4% para 3% a 3,5%. Já se fala até de PIB abaixo de 3% em 2013.

O PIB cresceu apenas 0,6% no terceiro trimestre, na comparação (livre de influências sazonais) com o segundo trimestre. Os destaques negativos foram investimentos, setor de serviços e comércio internacional. Pelo lado positivo, houve recuperação da indústria de transformação e um bom desempenho da agropecuária.

O resultado de 0,6% contrasta com as projeções entre 0,9% e 1,4% coletadas pela Agência Estado. Para piorar a situação, a expansão do PIB no segundo trimestre (ante o primeiro, na série dessazonalizada) foi revista de 0,4% para 0,2%. Ante o mesmo período de 2011, o PIB cresceu 0,9%. As projeções do mercado eram de 1,1% a 2,12%.

Os investimentos recuaram 2% ante o segundo trimestre, na série dessazonalizada, quinta queda consecutiva e pior resultado desde o primeiro trimestre de 2009, em plena crise global.

O setor de serviços teve crescimento zero na comparação com o segundo trimestre, mas cresceu 1,4% ante o terceiro trimestre de 2011. Um forte destaque negativo foi para a intermediação financeira (bancos, seguradoras e previdência privada).

O principal destaque positivo foi a indústria de transformação, que cresceu 1,5% ante o segundo trimestre, na série livre de influências sazonais - o melhor resultado entre todos os subsetores da indústria e dos serviços, e só perdendo da agropecuária, que cresceu 2,5%. Ainda assim, a indústria de transformação caiu 1,8% na comparação com o mesmo trimestre de 2011, o quarto recuo consecutivo nessa base de comparação.

A construção civil cresceu 0,3% em relação ao segundo trimestre, e 1,2% na comparação com o terceiro trimestre de 2011. Nessa segunda base de comparação, foi o resultado mais fraco desde o terceiro trimestre de 2009. A indústria extrativa mineral recuou 0,4% ante o segundo trimestre, e 2,8% ante o terceiro trimestre de 2011 (pior resultado entre os 12 subsetores da indústria e dos serviços).