Título: Superávit primário cai 26%
Autor: Bresciani, Eduardo ; Moura, Rafael Moraes
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/12/2012, Economia, p. B14

O setor público (União, Estados e municípios) terá de fazer uma economia recorde de recursos nos últimos dois meses do ano para que a meta de superávit primário de 2012 seja alcançada, mesmo considerando o abatimento de investimentos previsto pelo governo federal. O Banco Central informou ontem que o superávit feito para pagar os juros da dívida está em R$ 88,2 bilhões no acumulado do ano até outubro.

A meta original de economia para o ano era de R$ 139,8 bilhões, mas o governo já trabalha com abatimento de R$ 25,6 bilhões, de acordo com relatório enviado ao Congresso. Para cumprir a meta reduzida, o governo precisa fazer uma economia no último bimestre de R$ 26 bilhões, 20% a mais do que o melhor resultado já registrado até hoje, no final de 2008.

Para cumprir a meta, o governo pode lançar mão de alguma manobra contábil ou aumentar o valor do abatimento. A lei permite deduzir da meta os investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que somam hoje R$ 26,6 bilhões, mas podem chegar a R$ 40 bilhões este ano.

O resultado do esforço fiscal nos dez primeiros meses do ano representa uma queda de 26% em relação a 2011. Já o superávit de outubro, de R$ 12,4 bilhões, está 12% abaixo do verificado no mesmo mês do ano passado. "O resultado refletiu a moderação da atividade econômica e desonerações e incentivos", disse o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel.

Dívida e juros. A redução dos juros e a queda da inflação, os dois principais fatores que afetam o custo da dívida pública, em relação a 2011, contribuíram para reduzir o endividamento público para 35,2% do PIB. Esse é o menor porcentual da história recente. Já as despesas com juros já estão abaixo de 5% do PIB e devem fechar o ano em 4,7%, menor patamar da série histórica.