Título: Mesmo com economia fraca, desemprego cai
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Fonte: O Estado de São Paulo, 22/12/2012, Economia, p. B4

Aumento da contratação de temporários e queda na procura por emprego explicam resultado, apesar da economia enfraquecida

A taxa de desemprego no País recuou de 5,3% em outubro pa­ra 4,9% em novembro, a segun­da menor marca já verificada pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME), apurada pelo Instituto Brasileiro de Geogra­fia e Estatística (IBGE). Hou­ve aumento na contratação de temporários, mas também re­dução no número de pessoas à procura de emprego, o que confirma o aquecimento do mercado de trabalho, a despei­to de sinais desfavoráveis na economia.

Parte da sustentação do em­prego neste momento é explica­da pelas características da econo­mia brasileira, segundo Aurélio Bicalho, economista do Itaú Unibanco. Enquanto a desacelera­ção atingiu com mais força a in­dústria de transformação, seto­res intensivos em mão de obra, como serviços e construção ci­vil, continuaram em expansão.

"Há evidência também que aqueles setores que tiveram um enfraquecimento maior opta­ram por reduzir mais as horas tra­balhadas do que diminuir o em­prego, dada a expectativa de reto­mada da economia nos próxi­mos trimestres", explicou Bicalho, para quem a aceleração mo­derada da atividade econômica nos próximos meses deve man­ter as condições no mercado de trabalho favoráveis.

Em novembro, 106 mil pes­soas deixaram de procurar em­prego, enquanto o número de contratados aumentou em 98 mil trabalhadores. A tendência é que o movimento se repita em dezembro, mês em que há tradi­cionalmente abertura de mais va­gas temporárias e menos dias úteis para que os desocupados procurem trabalho.

"O resultado de novembro re­força os sinais de retomada da atividade doméstica, na medida em que o emprego costuma res­ponder de forma defasada ao ci­clo econômico", disse Octavio de Barros, diretor de Estudos Econômicos do Bradesco. O re­sultado divulgado ontem só não foi melhor do que o de dezembro do ano passado, quando a taxa de desocupação foi de 4,7%.

Renda. A renda média real do trabalhador também alcançou patamar recorde em novembro, R$ 1.809,60.0 cálculo não inclui gratificações nem pagamento do 13º salário. Segundo Gimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, a principal causa para o aumento seria a formalização dos postos de trabalho.

O rendimento médio do trabalhador subiu 0,8% em novembro em comparação a outubro. Na comparação com novembro de 2011, a alta foi de 5,3%. Três grupamentos tiveram ganho expressivo na renda: empregados domésticos, construção e serviços prestados a empresas.

Infiação, Alguns analistas viram nos dados muito positivos uma possível pressão sobre a inflação no ano que vem. Aperspec-tiva de uma demanda forte em 2013 fez os contratos de juros subirem no mercado futuro. "A pressão exercida pelo baixo desemprego e pelo crescimento da renda real do trabalhador são fatores a serem pesados na condução da política monetária", disse Flávio Combat, economista-che-fe da corretora Concórdia.

No entanto, manteve-se em novembro a desaceleração no ritmo de criação de postos de trabalho com carteira assinada, o que deve ser motivo de atenção, segundo o IBGE. Em novembro, houve um aumento de 2,5% no número de vagas formais em relação ao mesmo mês de 2011. Essa expansão era de 6,8% em novembro de 2011 em relação ao mesmo período de 2010.

-------------------------------------------------------------------------------- adicionada no sistema em: 22/12/2012 04:45