Título: Sob críticas, Obama renova Segurança
Autor: Chacra, Gustavo
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/01/2013, Internacional, p. A7

O presidente dos Estados Uni­dos, Barack Obama, nomeou ontem o ex-senador Ghuck Hagel, do Partido Republicano e veterano da Guerra do Vietnã, para o cargo de secretário de Defesa. Para chefiar a CIA (ser­viço de inteligência), John Brennan, atualmente assessor de contraterrorismo, foi o es­colhido.

As indicações consolidam a nova equipe de segurança nacio­nal para o segundo mandato de Obama, que terá ainda o senador John Kerry no posto de secretá­rio de Estado, substituindo Hillary Clinton. Os novos nomes precisam ser aprovados pelo Se­nado e a expectativa é a de que haja uma batalha envolvendo Hagel.

"Espero que os senadores con­firmem essas nomeações o quan­to antes. Quando o assunto é se­gurança nacional, não gostamos de ter um intervalo longo no pro­cesso de transição. Precisamos ser rápidos", disse Obama na ce­rimônia de nomeação, que con­tou com a presença do atual se­cretário de Defesa, Leon Panetta, e do diretor interino da CIA, Michael Morell, cujos partidá­rios querem sua permanência no cargo. O presidente também lembrou que Hagel será o primei­ro veterano da Guerra do Vietnã a comandar o Pentágono.

Obama sabe que a escolha de Hagel enfrentará forte oposição no Senado. Com posições inde­pendentes em política externa, Hagel recebe críticas tanto de de­mocratas como de republicanos em razão de declarações envol­vendo Israel e Irã. Ele já declarou algumas vezes ser "senador dos EUA, não de Israel", e também reclamou da influência do "lobby judaico" em Washing­ton. No caso iraniano, Hagel de­fendeu menos sanções e mais diálogo com Teerã.

O senador republicano John McCain, visto como uma das mais importantes vozes em segu­rança nacional em Washington, elogiou o histórico de Hagel no Vietnã, mas disse ter preocupa­ções com uma série de posições dele nos últimos anos que "preci­sam ser consideradas no proces­so de confirmação". O deputado Eric Cantor, líder republicano na Câmara, foi mais duro ao di­zer que Hagel é "o homem erra­do" para o posto.

Na nomeação, Hagel afirmou que "lutará pelo avanço da liber­dade e da democracia no mun­do" e dará conselhos honestos a Obama. Brennan, descrito por Obama como "um dos mais res­peitados profissionais na área de inteligência", já havia sido cota­do antes para o cargo de diretor da CIA. Sua nomeação sempre esbarrou na oposição dos demo­cratas, que questionam seu en­volvimento em técnicas de inter­rogatório classificadas como "tortura" durante a presidência de George W. Bush.

Brennan, no entanto, é elogia­do por sua estratégia de contra­terrorismo com o uso de drones (aviões não tripulados) para combater a Al-Qaeda. Essas mes­mas operações, porém, levan­tam questões sobre civis mortos como "efeitos colaterais" dos ataques. Seu antecessor no car­go foi David Petraeus, que renun­ciou em razão de um caso extra-conjugal.