Título: Lei eleitoral é a mãe da corrupção, diz ministro
Autor: Rosa, Vera
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/11/2012, Nacional, p. A9

O minístro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, chamou ontem o financiamento privado de campanha de "maldito" e disse que a lei eleitoral é a "mãe da corrupção". Ao participar de um seminário para movimentos sociais, no Palácio do Planalto, Carvalho pregou a reforma política e afirmou que o governo enfrenta contradições internas em relação à necessidade de demo-cratizacão do Estado.

"Não há outra saída se nós, de fato, não pensarmos numa profunda reforma do Estado e numa reforma política, que ataque e enfrente as questões táticas e estratégicas. Tática é esse maldito financiamento privado de campanha, essa legislação eleitoral que é, a meu juízo, a mãe da corrupção. E onde tudo começa", disse o ministro.

Sem citar o termo mensalão, Carvalho não escondeu a mágoa com a condenação de antigos companheiros pelo Supremo Tribunal Federal, como o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o ex-presidente do PT José Ge-noino e o ex-tesoureiro Delúbio Soares. "Nós, que estamos sofrendo esse processo que se passa no Judiciário, sabemos a dor de tudo isso", argumentou.

Questionado depois pelo Estado sobre o fato de ter se referido à atual lei como "mãe da corrupção", Carvalho voltou a defender mudanças. "O sistema eleitoral, do jeito que está estruturado, estabelece a dependência dos candidatos com o poder econômico", afirmou.

No seminário intitulado "Participação Social e Democratização do Estado: o papel político dos.movimentos sociais", o ministro elogiou a Lei da Ficha Limpa e destacou que o financiamento público de campanha e o voto em lista são "essenciais" para a prática da política decente.

Ex-secretário-geral do PT e ex-seminarista, Carvalho lembrou que foi candidato a deputado federal pelo partido, na eleição de 1986, e obteve 25.077 votos. "Naquele tempo, ainda dava para ser candidato sem ter dinheiro. Eu ganhava três salários mínimos", contou. "O meu lema era "Na luta faremos a lei".