Título: BC reduz previsão de alta do PIB para 1%
Autor: Dantas, Iuri
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/12/2012, Economia, p. B4

A crise financeira internacio­nal provocou na economia brasileira um impacto maior que o previsto pelo Banco Central, levando a autorida­de monetária a ser mais con­servadora nas suas estimati­vas de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) nos pró­ximos doze meses. No Relatório Trimestral de In­flação, divulgado ontem, o BC re­duziu sua previsão de crescimen­to econômico deste ano de 1,6% para 1%. Para o ano que vem, o ritmo de 3,3% que seria atingido no primeiro semestre, sovai che­gar no terceiro trimestre. O BC não divulgou previsão de cresci­mento para o ano inteiro de 2013. O baque na produção indus­trial, cuja queda deve girar em torno de 0,5%, e uma retração da ordem de 3,5% nos investi­mentos explicam a revisão para baixo. Segundo o diretor de Polí­tica Econômica, Carlos Hamil­ton Araújo, o recuo na oferta de linhas de crédito lá fora e abaixa confiança dos empresários aju­dam a compreender a demora da economia brasileira em rea­gir aos estímulos anunciados pe­lo governo. Além disso, haverá queda nas exportações, o que também pu­xa para baixo o desempenho do PIB. As estatísticas econômicas dos últimos meses vieram pio­res do que o esperado pela auto­ridade monetária. O Comitê de Política Monetária (Copom) surpreendeu o mercado come­çando a cortar juros em agosto de 2011, antecipando as dificul­dades da crise neste ano. De lá para cá, a Selic caiu para a mínima recorde de 7,25% ao ano,- o governo cortou impos­tos, aumentou a oferta de crédi­to do Banco Nacional de Desen­volvimento Econômico e Social (BNDES), prometeu conces­sões de rodovias e ferrovias à iniciativa privada. Mas a econo­mia não reagiu. Crédito. A queda da Selic trou­xe a reboque uma queda dos ju­ros praticados pelos bancos aos consumidores, em um curto es­paço de tempo. Por motivos metodológicos, isso significa retração do PIB. A oferta de crédito também foi prejudicada pela má situação de bancos pequenos e médios, área já saneadapelo BC, complemen­tou o diretor. "A economia nesse ano cres­ceu menos que se imaginava, por causa do componente exter­no, o agravamento da crise", afir­mou Araújo.