Título: Busca por tratamento de acupuntura no SUS cresce 429% em cinco anos
Autor: Bassette, Fernanda
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/12/2012, Vida, p. A11

O número de procedimentos de acupuntura realizados pelo SUS em todo o País cresceu 429% em cinco anos: em 2007 foram feitas 97.274 sessões, enquanto que neste ano, até se­tembro, já foram feitas 514-659 - incluindo as realiza­das com agulhas, ventosas ou por eletroestimulação.

As aplicações de acupuntura feitas exclusivamente com agu­lhas somam mais da metade dos . casos: 369.320, segundo levanta­mento do Ministério da Saúde feito a pedido do Estado. Só no Estado de São Paulo, por exem­plo, foram 39.631 atendimentos na rede pública em 2007 e 219.988 atendimentos até setem­bro deste ano, o que representa um acréscimo de 455%.

O acesso é oferecido principal­mente nas unidades básicas de saúde, que são responsáveis por 70% dos atendimentos, seguido por 25% dos atendimentos fei­tos nas unidades especializadas (ambulatórios específicos) e 5%, nos hospitais (nos cuidados paliativos).

As principais indicações são alívio da dor crônica (hérnias de disco, lombalgias, artrites, enxaquecas), melhora da função res­piratória, insônia, ansiedade, depressão e redução dos sintomas como dormência e enjoos em pa­cientes com câncer (mais infor­mações nesta página).

O Ministério da Saúde repas­sou em 2011 R$ 5,6 milhões pelos procedimentos de acupuntura, incluindo as consultas, realiza­dos nos 678 estabelecimentos que prestam o serviço pela rede pública. Neste ano, até agosto, já foram repassados R$ 4 milhões.

Apesar de a prática da acupun­tura já ser reconhecida pelo SUS desde 1988, o salto nos atendi­mentos é atribuído à implemen­tação da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIG), em 2006.

A medida, que tem como obje­tivo a prevenção, promoção e re­cuperação da saúde passou a ofe­recer à população o acesso às te­rapias não convencionais, o que inclui acupuntura, práticas cor­porais (como lian gong e tai chi chuan), homeopatia, fitoterápicos e plantas medicinais.

A medicina antroposófica e o termalismo social/crenoterapia (baseado em banhos de águas ter­mais) também já são praticados de maneira esporádica por algu­mas unidades do SUS, mas ainda estão em fase de observação pelo ministério - não há repasse ofi­cial de verba do governo.

Segundo Patrícia Sampaio Chueiri, coordenadora geral da PNPIC, os números levam em conta apenas as sessões que fo­ram efetivamente aprovadas e pagas pelo ministério. Se for con­siderado o número de sessões que os Estados informam terem feito, o valor salta para 797.306, até setembro deste ano.

"A acupuntura tem crescido muito em todo o País. Essa dife­rença no número de sessões po­de ter sido paga com recursos do próprio Estado ou município", explica Patrícia.

. Hildebrando Sábato, presidente do Colégio Mé­dico Brasileiro de Acupuntura (CMBA), atribui o aumento de atendimentos a mais informa­ções e mais divulgação da técni­ca. "A partir da implementação da política nacional, a técnica passou a ser mais conhecida. Is­so fez as pessoas se sentirem se­guras para procurar mais o aten­dimento", avalia.

De acordo com ele, antes de a política ser implementada, os atendimentos eram restritos a centros especializados, em geral nas capitais. "Além da política, os resultados científicos se tor­naram mais claros, mais eviden­tes, o que passou mais segurança para a população em geral."

Investimentos. O aumento da demanda por acupuntura e ou­tras práticas integrativas fez o ministério pensar em expandir as técnicas. Segundo Patrícia, em 2013 o governo vai lançar um edital de R$ 2 milhões para pes­quisas voltadas especificamente para essa área.

A ideia é avaliar os resultados do uso dessas técnicas em pes­soas com dores crônicas, hiper­tensão e diabete. "As práticas in­tegrativas não têm muito espaço nas universidades. Então a nos­sa ideia é estimular a concorrên­cia, com pesquisas que avaliem o custo efetividade das práticas."