Título: Kassab não cumpre e principal meta de saúde
Autor: Frazão, Felipe
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/12/2012, Vida, p. A12

Apesar de ter inaugurado 40 ser­viços de saúde em seu último dia útil de mandato, o prefeito Gil­berto Kassab (PSD) chega ao fim da gestão sem concluir duas de suas principais metas de saúde: a construção de 3 hospitais e 50 As­sistências Médicas Ambulatoriais (AMAs) Sorriso. Seu suces­sor, Fernando Haddad (PT), en­frentará uma rede com proble­mas de acesso a especialidades médicas e hospitais de média a alta complexidade.

De dez metas em saúde, Kas­sab completou sete e deixou uma com 97% de execução: o pro­grama Mãe Paulistana, que, se­gundo a Prefeitura, já realizou 2,8 milhões de consultas.

Dados da última prestação de contas da Secretaria de Saúde na Câmara Municipal mostram que o índice de execução orçamentá­ria de 2012 ficou em zero tanto para os hospitais quanto para as AMAs Sorriso - ambos promes­sas de campanha em 2008, que deveriam ter sido cumpridas por força de lei.

Os três hospitais voltaram à pauta eleitoral neste ano, com a promessa de serem construídos pelo prefeito eleito Fernando Haddad - que também fala em ampliar a rede municipal em mais mil leitos. A inauguração dos hospitais era considerada a principal meta da saúde.

Na campanha de 2008, 0 pla­no de Kassab era de construir 3 hospitais com 175 leitos no total. Mas a demanda da saúde munici­pal é maior.

Plano não cumprido. Kassab decidiu lançar em 2011 um proje­to de Parceira Público Privada (PPP) que previa a construção dos três novos hospitais e a refor­ma de outros três, além de novas sedes para seis hospitais existen­tes e quatro novos centros de diagnóstico por imagem, o que aumentaria a disponibilidade em cerca de mil leitos. Os hospitais seriam construídos pelo vence­dor da licitação, mas não houve interesse do mercado. Depois de 14 adiamentos da sessão de aber­tura dos envelopes, a licitação foi suspensa pelo Tribunal de Con­tas do Município em maio.

"A construção dos três novos hospitais está encaminhada e fi­cará a cargo da futura administração seguir no modelo atual ou adotar novas diretrizes", disse a secretaria por nota. A pasta afirma ter "incrementado 786 lei­tos" ,entre hospitais abertos, as­sumidos com a iniciativa priva­da e reformados.

No evento de ontem, em que foram inauguradas 27 bases do Samu, entre outros serviços, o se­cretário municipal da Saúde, Januario Montone, comentou so­bre a meta não cumprida. "Ter cumprido aquele compromisso inicial, de três hospitais de pe­queno porte, seria completa­mente factível. Como se sabia que isso não ia resolver, partimos para um projeto mais ousa­do, mas teria esse preço a pagar: se algo desse errado, não daria tempo de voltar atrás", disse.

As AMAs Sorriso deveriam estar abertas até o fim deste mês, oferecendo consultas odontoló- gicas sem agendamento prévio. Elas seriam construídas e geri­das pelo Instituto de Atenção Bá­sica e Avançada à Saúde (Iabas), organização social que firmou contrato com a Prefeitura em 2009. O contrato foi suspenso porque o ex-secretario munici­pal Ailton de Lima Ribeiro fazia parte da diretoria do Iabas.

Prefeitura informa que tam­bém "ampliou a oferta de servi­ços odontológicos" na cidade: Houve uma expansão de 47,5% dos procedimentos de saúde bucal nos últimos oito anos".