Título: Governo garante energia, mas térmicas devem limitar redução da conta de luz
Autor: Villaverde, João
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/01/2013, Economia, p. B1/3

O governo federal vai continuar usando por pelo menos mais três meses uma energia mais cara para garantir o abas­tecimento de eletricidade e evitar qualquer possibilidade de racionamento. A geração por meio de usinas térmicas, entretanto, pode diminuir o impacto da redução de 20,2% da conta de luz prometido pe­la presidente Dilma Rousseff.

Após a primeira reunião do ano do Comitê de Monitora­mento do Setor Elétrico (CMSE), o presidente do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp, disse que as usinas que usam combus­tíveis como gás e carvão para ge­rar eletricidade - as termoelétricas - deverão permanecer liga­das, pelo menos, até o fim de abril. Até lá, o governo acredita que os reservatórios das hidrelétricas já terão começado a vol­tar a níveis adequados, que permitirão substituir a geração de energia mais cara, por uma mais barata.

Segundo o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, as usi­nas térmicas instaladas no País ainda podem aumentar o volume de energia produzida, garan­tindo assim o abastecimento e evitando o racionamento de energia.

Conta de luz. Além de enfati­zar que não haverá problemas de abastecimento de energia, o ministro fez questão de frisar que o corte de 20,2%, em média, na conta de luz - prometido pela presidente Dilma Rousseff em setembro do ano passado - está garantido.

Mas o uso continuado das usi­nas térmicas deve reduzir, na prática, o impacto que o consu­midor sentirá no bolso ao longo do ano. Pelos cálculos do presi­dente do ONS, se essas usinas permanecessem ligadas até de­zembro, o impacto seria um aumento de até 3% na conta de luz.

O governo, entretanto, espe­ra começar a desligar as térmi­cas a partir do fim de abril. "Com o retomo das chuvas, des­ligaremos as térmicas mais ca­ras primeiro", explicou Chipp. Com isso, o impacto na conta do consumidor será menor.

De qualquer forma, técnicos da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) estão estudan­do uma forma de ratear, caso se­ja necessário, essa despesa ex­tra. Nem Chipp, nem Lobão de­ram detalhes de como isso pode­rá ser feito.

A insistência do ministro de Martas e Energia em negar qualquer possibilidade de raciona­mento de energia foi feita por determinação da presidente Dil­ma. Na véspera da reunião do CMSE, a presidente - que ainda estava na Bahia - teve uma con­versa, por telefone, com o minis­tro. Dilma ficou preocupada com o que estava lendo na imprensa sobre os riscos de abaste­cimento de energia. Como ex-ministra do setor a presidente reforçou a importância de passar uma mensagem clara de que não faltará energia no País.