Título: Projeto Pró-Haiti atende 30 imigrantes por dia em Manaus
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Fonte: O Estado de São Paulo, 04/01/2013, Nacional, p. A11
Cerca de 30 imigrantes haitia-nos são atendidos diariamente em Manaus pelo Projeto Pró-Haiti, criado pelos padres jesuítas no início do ano passado. O projeto é integrado ao Centro de Direitos Humanos da Arquidiocese de Manaus e funciona na Paróquia São Geraldo, sob coordenação do padre Paulo Barausse.
Como não há, na cidade, repretentação consular daquele país, o Pró-Haiti atua em parceria com o Consulado haitiano em "Brasília e é a única instituição, na região, que auxilia os imigrantes em tarefas urgentes como emissão de passaporte, registro consular e envio de documentação.
Na prática, como esses recém-chegados - muitos dos quais submetidos a abusos e privações durante a viagem até o Brasil - precisam de praticamente tudo, o Pró-Haiti também dá assistência jurídica e orientações sobre programas de- aúde, educação, emprego e Justiça. Em muitos casos, a ajuda inclui atendimento psicológico e aulas de português dadas por professores voluntários. "Tudo é prestado gratuitamente por meio de uma equipe qualificada e o nosso serviço já é referência na região. Atendemos cerca de 200 pessoas por semana", ressalta o padre Barausse, que comanda o projeto desde setembro do ano passado.
Criado em fevereiro de 2012, o Pró-Haiti assumiu uma importância fundamental depois do terremoto que devastou aquele país em 2010 - pois a Amazônia, pela proximidade geográfica, tornou-se uma rota de salvação para centenas de desabrigados haitianos. Atualmente, estima-se que cerca de 6 mil deles estejam no Brasil, dos 4 milhões que deixaram aquele país nas últimas décadas. Muitos entraram ilegalmente no País, mas a maioria recorre ao visto humanitário.
Visto humanitário. "Os imigrantes haitianos no Brasil não são considerados refugiados. Se fossem, deveriam receber ajuda do Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados -Acnur. Quem lhes concede o visto humanitário é o Comitê Nacional para os Refugiados - Conare, do Ministério da Justiça", explica o padre Barausse.
Em sua atividade diária em Mainaus, Barausse é ajudado pelos padres e irmãs scalabrinianos e outras congregações que acolheram as levas de haitianos que cruzavam a fronteira, chegados do Pem ou da Bolívia, logo após o terremoto. Antes de Barausse, a tarefa cabia ao missionário Paulo Welter, que antes havia trabalhado durante seis anos em atividades semelhantes em Angola, no continente africano. Formado em Direito, e tendo dirigido em Angola o Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS, na sigla em inglês), Welter - que hoje vive em Porto Alegre - se diz disposto a continuar nesse trabalho no Brasil ou em qualquer parte do mundo". "Descobri no JRS a dedicação das pessoas envolvidas nessa missão, um trabalho que muitos não querem fazer", diz.
Migrantes. A ajuda é um trabalho interminável e para enfrentá- lo o JRS mobiliza hoje cerca de 100 missionários em seus dez escritórios distribuídos pelos cinco continentes. "O JRS é hoje um ponto de referência tanto para refugiados quanto para autoridades locais e internacionais", ressalta o missionário. "
Nas contas da instituição, cerca de 4 milhões de haitianos vivem hoje fora de seu país. Desde o mês passado, eles contam com a Rede Jesuíta de Migrantes, que acompanha o crescente deslocamentode pessoas entre fronteiras - 214 milhões em todo o planeta, das quais 26 milhões na América Latina e Caribe.
Ele destaca uma diferença importante, no trabalho, entre refugiados e migrantes, que merecem diferentes abordagens. Imigrantes economicos decidem se deslocar para melhorar sua perspectiva de vida e a da família. Já os refugiados têm outra motivação: salvar suas vidas ou preservar a liberdade, pois não contam com a proteção do Estado.
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