Título: Kassab terá aval de líderes do PSD para apoiar Dilma
Autor: Boghossian, Bruno ; Peron, Isadora
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/01/2013, Nacional, p. A7

Para superar resistências a petistas, presidente da sigla deu carta branca para que dirigentes façam oposição ao PT em 12 Estados

O presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, vai rece­ber o aval dos 27 dirigentes re­gionais do partido para aderir formalmente à base aliada do governo Dilma Rousseff (PT) e apoiar a reeleição da petista em 2014. Para superar resis­tências aos petistas e assegu­rar a aprovação da aliança, Kassab deu carta branca para que os líderes da sigla façam oposição ao PT ou mante­nham alianças com governa­dores do PSDB em 12 Estados.

Levantamento feito pelo Esta­do na última semana revela que não há restrições entre os presi­dentes estaduais do PSD ao pla­no de Kassab de integrar a base de Dilma - a exceção é o Rio, onde a sigla ainda realiza consultas, mas seu apoio é dado como certo.

Mesmo dirigentes que dispu­tam espaço com o PT em seus Es­tados ou ocupam cargos em gover­nos do PSDB relatam que concor­dam com a adesão.

É o caso de Minas Gerais, onde o PSD apoia o governo de Antonio Anastasia (PSDB); do Acre, onde a legenda é adversária do PT do governador Tião Viana; do Para­ná, onde o partido deve apoiar a reeleição do governador Beto Richa (PSDB); e de Goiás, onde a si­gla tem cargos no governo do tuca­no Marconi Perillo.

"Não teríamos nenhum cons­trangimento em apoiar o governo Dilma, mesmo integrando o go­verno do Estado", afirma Vilmar Rocha, presidente do PSD goiano e secretário da Casa Civil do gover­no Perillo. Em troca do apoio a Dil- desses Estados que a sigla terá li­berdade para trilhar caminhos opostos às pretensões do PT em seus Estados.

O PSD também deve se distan­ciar do PT no Acre, onde o grupo que fundou a sigla é adversário da família do governador petista Tião Viana. "Já temos votado pra­ticamente tudo com a base do go­verno federal no Congresso, mas, no Acre, o PSD não tem condições de caminhar com o PT", resume o senador Sérgio Petecão, presiden­te do PSD no Estado.

No Paraná, os dirigentes do par­tido de Kassab afirmam que não têm "arroubos de entusiasmo" pa­ra apoiar o PT de Dilma, mas admi­tem que seguirão o plano do presi­dente nacional do PSD. Nas elei­ções paranaenses, no entanto, pretendem caminhar ao lado do governador Beto Richa (PSDB). "Nós temos uma ligação muito forte, até emocional, com o Beto. A ideia é tentar lançar candidato próprio em 2014, mas se não hou­ver possibilidade, vão apoiar a ree­leição de Richa", diz Alceni Guer­ra, vice-presidente do PSD-PR.

Além dos 12 Estados onde o PSD se comporta como adversá­rio do PT, o partido se considera "neutro" em quatro locais e apoia os petistas nos outros 11 - entre os quais estão a Bahia do governador Jaques Wagner (PT), e o Rio Grande do Norte, onde o vice Robinson Faria (PSD) rompeu com a governado­ra Rosalba Ciarlini (DEM) e se aproximou dos petistas.

A explicação para tantas alian­ças ambíguas é que a maior parte dos governadores apoiou a cria­ção do PSD em seus Estados, com o objetivo de capturar para suas bases políticos descontentes com a oposição. Isso aconteceu tanto no caso do governador sergipano Marcelo Déda (PT) quanto no Pa­rá de Simão Jatene (PSDB).

Uma das poucas exceções en­tre os governadores amigáveis foi Geraldo Alckmin (PSDB), em São Paulo. Ele se opôs à fundação do novo partido como gesto de fideli­dade ao aliado DEM, que perdeu parte de seus quadros para a sigla. Em 2014, a hipótese mais provável é que o PSD lance adversário à reeleição do governador ou apoie candidato do PT.

Agora, parte dos dirigentes de­fende que a sigla não aceite cargos na administração federal como contrapartida pela adesão à base de Dilma. Kassab pleiteava o Mi­nistério das Cidades, mas passou a enxergar dificuldades na deman­da. O foco do PSD agora está na pasta de Transportes e na Secreta­ria de Aviação Civil.

Outros diretórios pretendem apresentar uma lista de reivindica­ções. O Acre pedirá a nomeação de aliados do PSD para cargos da administração federal no Estado. O PSD de Rondônia quer pleitear mais verbas para o Estado e seus municípios.