Título: Novo Hamburgo vai às urnas pela 5° vez em 8 anos
Autor: Peron, Isadora
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/12/2012, Nacional, p. A6

Os 177 mil eleitores de Novo Hambur­go, cidade da região metropolitana de Porto Alegre, voltarão às urnas no dia 3 de março de 2013 para escolher um prefeito pela quin­ta vez em pouco mais de oito anos, com a esperança de aca­bar com um ciclo de confusões jurídicas e resultados anula­dos que se arrasta desde 2004.

A aplicação da Lei da Ficha Limpa, que passou a valer somen­te este ano, anulou a eleição de 7 de outubro, vencida por Tarcísio Zimmermann (PT), que iria para seu segundo mandato seguido. Como ele conquistou 53% dos vá­lidos, a Justiça marcou nova elei­ção. Se o porcentual fosse infe­rior a 50%, o cargo passaria ao se­gundo colocado.

O imbróglio confunde o eleito­rado porque a origem da atual im­pugnação está em 2004 - e não impediu Zimmermann de tomar posse como deputado federal em 2007 e depois como prefeito em 2009.

Em 2004, Zimmermann foi a uma solenidade de inauguração de um Centro de Atendimento Socioeducativo a convite do en­tão governador Germano Rigotto (PMDB), na qual não chegou a discursar. Ele estava acompanha­do do então deputado estadual Jair Foscarini (PMDB), Ambos concorreram à prefeitura naque­le ano. Foscarini ganhou, mas a Justiça negou o registro das candí- daturas dele e de Zimmermann.

Alegando discordar do julgamen­to, o petista não concorreu na no­va eleição, em 2005, que Foscari­ni venceu.

Em 2008, o petista ganhou a prefeitura. Ao tentar a reeleição este ano, teve sua candidatura anulada pela aplicação da Lei da Ficha da Limpa. A Justiça conside­rou irregular a participação de Zimmermann na solenidade de 2004 e decretou sua inelegibilidade por oito anos. Como considera­va que os oito anos terminam em 3 de outubro, o petista concorreu, ganhou, mas não levou porque a interpretação do TSE, em análise de recurso, foi de que a condena­ção valeria até o final deste ano.

Zimmermann, no entanto, pre­tende apresentar candidatura pa­ra março. Mas admitiu que o PT não insistirá. Caso haja alguma contestação aceita pela Justiça, o partido substituirá o candidato pelo deputado estadual Luis Lauermann.

As constantes oscilações da política local e a necessidade de voltar às urnas em março parecem cansar os moradores de Novo Hamburgo. A comerciária Emiliana Motta conside­ra "uma brincadeira" um novo processo eleitoral em tão pou­co tempo. "Se era para ele (Zimmemiann) não assumir nem deveriam ter deixado se candi­datar", afirma.

O taxista João Vargas enten­de que o incidente que impediu o prefeito de reassumir ocorreu há tanto tempo que nem deveria mais ser considerado. "Há coisas bem piores na política que acabam passando", ressalva. Para o empresário Marco Kirsch não é bem assim. "Decisão judicial tem que ser acatada", afirma.