Título: Rússia envia navio com armas e tropas à Síria
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Fonte: O Estado de São Paulo, 31/12/2012, Internacional, p. A7

O navio de desembarque rus­so Novocherkask partiu on­tem em direção à costa da Sí­ria levando armamento pesa­do e um destacamento de in­fantaria. A informação foi da­da à agência de notícias russa Interfax por um porta-voz do Estado Maior das Forças Ar­madas da Rússia. A embarca­ção deve chegar amanhã ao porto de Tartus, onde os rus­sos mantêm uma base militar.

A embarcação deve se juntar a outras cinco que já foram envia­das pelo Kremlin à Síria. Os na­vios, de acordo com informa­ções oficiais, seriam para dar apoio em uma possível retirada de cidadãos russos como agrava­mento da guerra civil síria.

Há cerca de duas semanas, uma outra frota russa, também composta de cinco navios de guerra, deixou o Mar Báltico a caminho do porto de Tartus. Ou­tras embarcações militares es­tão prontas para zarpar do Mar do Norte, caso o Kremlin decida iniciar a operação de resgate na Síria.

Aliada do regime de Bashar Assad, a Rússia ainda tenta uma saí­da negociada para a crise que já se arrasta por quase dois anos. Os rebeldes sírios recusaram, na sexta-feira, uma oferta de diálo­go feita por Moscou. No sábado, o ministro de Rela­ções Exteriores russo, Sergei Lavrov, admitiu que unào há possi­bilidade" de persuadir Assad a deixar o poder em Damasco.

O representante especial da ONU e da Liga Árabe para a ques­tão da Síria, Lakhdar Brahimi, afirmou ontem que a situação se deteriora a cada dia, mas que ain­da vê espaço para uma solução diplomática em 2013. "O proble­ma é que os dois lados não estão se falando", afirmou.

Brahimi alertou para o risco de que o conflito leve a Síria a uma situação semelhante à da So­mália. "Há pessoas falando so­bre a divisão da Síria em vários pequenos Estados. Isso não ocor­rerá. O que acontecerá é uma cso- malização" com o surgimento de senhores da guerra."

Mortes, O número total de mor­tos no conflito na Síria já chega a quase 50 mil, de acordo com as estimativas do Observatório Sí­rio de Direitos Humanos, entida­de de oposição com sede em Lon­dres.

Ontem, a organização afir­mou que cerca de 400 pessoas foram mortas no sábado, o que tornaria o dia um dos mais vio­lentos desde o início da guerra.

A maior parte das mortes teria ocorrido em uma universidade de Deir Balbah, nas proximida­des de Homs. De acordo com os insurgentes, tropas do governo cercaram a cidade para retomá-la e invadiram o local.

"Se já temos 50 mil mortos em quase dois anos e a guerra conti­nuar por mais um ano, não tere­mos mais 25 mil. Teremos mais 100 mil mortos", disse ontem Brahimi durante entrevista cole­tiva no Cairo.