Título: Medida não resolve déficit de moradias para parlamentai
Autor: Bergamasco, Débora
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/01/2013, Nacional, p. A4

Câmara já conta com um novo projeto, agora para dividir cada unidade de 200 metros quadrados em dois apartamentos

Os investimentos milionários empenhados nos apartamen­tos funcionais dos deputados fe­derais não resolverão o déficit de moradias porque existem ho­je 432 habitações e 513 parlamen­tares na Câmara.

Como a conta não fecha, há um projeto para reformar um dos prédios e dividir cada unida­de de 200 m2 em duas de 100 m2. No entanto, como esses edi­fícios são tombados pelo Insti­tuto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o plano precisa ser enviado, anali­sado e aprovado pelos órgãos responsáveis.

O deputado e quarto-secretário da Mesa Diretora da Câma­ra, Julio Delgado (PSB-MG) - candidato à presidência da Ca­sa-, diz duvidar que esse proje­to saia do papel. "Acho muito difícil. Teria que mexer na gara­gem, aumentar o número de tu­bulações."

Permuta. Ele afirma que outra saída seria a proposta já apresen­tada à Secretaria de Patrimônio da União (SPU) de permutar imóveis. Com isso, mais 80 apar­tamentos seriam cedidos à Câ­mara pela União. Porém, a proposta já foi rejeitada pelo Ministério do Planejamento.

Por outro lado, nem todos os deputados querem ou precisam dos apartamentos funcionais. Segundo Delgado, os oito parla­mentares da Câmara que são do Distrito Federal já possuem imóvel em Brasília. Eles teriam direi­to ao auxílio-moradia, mas dis­pensaram o recurso.

Já o deputado Romário (PSB- RJ), logo que assumiu seu man­dato, optou por receber os R$ 3 mil mensais e morar em um flat. Cansado de ser acordado de ma­drugada por outros "hóspedes- fãs" que lhe pediam autógrafos, o ex-atacante da seleção brasilei­ra mudou-se para um imóvel funcional. Nenhum dos aparta­mentos, porém, dispõe de área de lazer e Romário decidiu mu­dar-se novamente - e passou a morar em uma mansão à beira do Lago Paranoá, cujo aluguel paga do próprio bolso.

Atualmente, das 432 unidades funcionais, apenas 312 estão dis­poníveis para serem habitadas.

Dessas, 302 possuem moradores e as outras dez restantes não es­tão em condição de uso.

Outra questão a ser adminis­trada pela direção da Câmara é a distribuição dos apartamentos. Com cerca de 90 parlamentares na lista de espera, existe ainda a disputa de quem vai ficar com o imóvel contra ou à favor do sol, em um andar mais alto ou baixo : repetindo iguais embates por gabinetes mais confortáveis.

A Câmara alega que os crité­rios não têm a ver com lobby ou afinidade. Diz que são levados em conta questões como o tem­po em que o deputado está no Parlamento, e peculiaridades fí­sicas, como portadores de neces­sidades especiais.