Título: Rachado, PDT pode deixar base e lançar nome em 2014
Autor: Nossa, Leonencio ; Duailibi, Julia
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/01/2013, Nacional, p. A4

O racha no PDT deverá custar ca­ro à presidente Dilma Rousseff. Em rota de colisão com o minis­tro do Trabalho, Brizola Neto, o presidente do PDT, Carlos Lupi, defende a saída do partido da ba­se aliada governista e o lança­mento de candidatura própria ao Palácio do Planalto, em 2014.

Os dois disputam o controle do PDT, que renovará sua direção em março. Defenestrado do Mi­nistério do Trabalho no fim de 2011, após denúncias de irregula­ridades, Lupi ainda tem força no partido: nos Estados, 18 comis­sões provisórias da sigla estão sob seu domínio. Candidato a no­vo mandato, ele tem dito que "fal­ta diálogo" no governo Dilma e prevê o rompimento mais à fren­te. "Muita gente quer candidatu­ra própria no PDT", afirma.

Brizola Neto vai na linha opos­ta e tem certeza de que o partido apoiará o projeto de reeleição de Dilma. "É como um rio que corre para o mar", compara. Sucessor de Lupi, o ministro é o único repre­sentante do PDT na Esplanada. Na linha de frente da dissidência pedetista, Brizola Neto diz que o parti­do não pode ser um ajuntamento "cartorial". "O PDT tem raízes pro­fundas, que não estão ao sabor das conveniências pessoais."

Sob o argumento de que o go­verno Dilma representa o projeto do PDT, Brizola Neto trabalha pa­ra que seu grupo vença a disputa pelo comando do paitido e defen­de com veemência um segundo mandato para a presidente. "Não se trata de pôr o PDT como satéli­te da candidatura do PT, porque Dilma extrapola o PT, assim co­mo o ex-presidente Lula. Ela é a parte do Lula que se confunde com a história dos movimentos sociais", comenta, ao lembrar que a presidente, ex-guerrilheira, foi fundadora do PDT gaúcho.

Para o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), que foi ministro das Comunicações no governo Lula, a disputa entre os dois grupos só vai acabar se houver eleições di­retas no partido. "Eu gostaria de ver o PDT apoiando a Dilma em torno de um projeto, e não em tomo de cargos." O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) não se mostra entusiasmado em con­correr mais uma vez ao Planalto, como fez em 2006. Apesar de ter posto seu nome à disposição, o ex-ministro da Educação confi­denciou a interlocutores não ter a intenção de ser candidato de um partido rachado.