Título: Transpetro diz que estaleiro será multado por atraso em navio
Autor: Vatte, Sabrina
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/01/2013, Economia, p. B1

Navio Rômulo de Almeida foi entregue com três meses de atraso pelo Estaleiro Mauá; valor da multa ainda será definido

O presidente da Petrobrás Trans­porte (Transpetro), Sérgio Ma­chado, anunciou que o Estaleiro Mauá será multado por entregar com três meses de atraso o navio de produtos Rômulo Almeida, in­corporado ontem à frota da sub­sidiária da Petrobrás. O valor da multa só será definido após a análise pela Transpetro das justifica­tivas do estaleiro.

Os atrasos na entrega das em­barcações contratadas pela Transpetro têm sido habituais. O petroleiro Zumbi dos Palmares deveria estar navegando des­de dezembro. O novo prazo, segundo Machado, é abril deste ano. Ele disse que também será aplicada multa no estaleiro construtor, o Atlântico Sul (Pernambuco), já punido pelos dois anos de atraso na entrega do petrolei­ro João Cândido.

Após a solenidade de recebi­mento do Rômulo Almeida, reali­zada na sede do Mauá, em Nite­rói (cidade na região metropoli­tana do Rio), Machado disse que o comunicado da multa foi apresentado ontem e o estaleiro tem 30 dias para apresentar explicações.

O presidente da Transpetro procurou reduzir a importância da multa. Preferiu destacar a im­portância da entrega do navio, que ontem mesmo zarpou com uma carga de nafta petroquími­ca rumo ao Terminal de Madre de Deus, na Bahia.

“Esse navio representa o que a gente viu na solenidade. São bra­sileiros alegres, brasileiros que antes se aglomeravam na porta da fábrica, na porta dos estalei­ros para tentar uma vaga, para ver se essa porta se abria para ter emprego. Agora estão aqui jun­tos vendo esse navio ser lançado. É emprego, é renda, é trans­formação de vida”, disse Macha­do.

De acordo com o presidente da Transpetro, o contrato com o Estaleiro Mauá, de R$ 188 milhões, foi cumprido sem a neces­sidade de pagamentos adicio­nais. “Atrasou a entrega porque está em um processo de desen­volvimento da indústria. (...) Va­mos continuar trabalhando para cada vez mais poder diminuir es­se processo, com aumento da. produtividade. (...) O importante é que este navio, o terceiro que sai daqui, não teve nenhum adi­cional de contrato, está saindo pelo preço que foi contratado”, disse Machado.

O executivo buscou comparar a situação atual da indústria na­val brasileira com os primórdios da construção de grandes embar­cações na Ásia. “A Coreia, para se ter uma ideia, levou 30 anos (para atingir um nível de excelên­cia). Os dois primeiros navios fa­bricados pela Hyundai, o maior estaleiro do mundo, não foram aceitos pelo cliente porque não performaram em termos de qua­lidade. No Brasil, não tivemos esse problema. Estamos avançan­do, o tempo (dos atrasos) está reduzindo.”

Comandado por duas mulheres (a comandante Hildelene Ba­hia e o imediato Vanessa Cunha), o Rômulo Almeida é a quarta embarcação do Progra­ma de Modernização e Expan­são da Frota (Promef) a ser incor­porada pela Transpetro. O navio tem capacidade para transpor­tar 56 milhões de litros de deriva­dos de petróleo. Mede 183 me­tros e pesa 48 mil toneladas.

O Estaleiro Mauá não fez comentários nem sobre a multa nem sobre o atraso na entrega da embarcação.