Título: Petrobrás terá de elevar investimentos em produção após exigências da ANP
Autor: Vatte, Sabrina
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/01/2013, Economia, p. B1

A revisão que a Agência Nacio­nal de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) começou a di­vulgar nesta semana sobre os planos de desenvolvimento dos maiores campos de petró­leo da Petrobrás deve forçar a companhia a elevar a suas me­tas de produção. Segundo duas fontes ligadas à agência, é possível que a empresa te­nha de elevar as projeções já em seu próximo plano de negó­cios, em meados do ano.

A ANP aprovou, com ressal­vas, o plano de desenvolvimento apresentado pela Petrobrás para o campo de Roncador, o primei­ro de 11 megacampos que estão tendo as atividades revistas pelo regulador. As 11 concessões são as que mais pagam participação especial no País, responsáveis por 4/5 da produção nacional.

A agência exigiu, por exemplo, que a Petrobrás invista em mais poços e plataformas, a custos de mais de R$ 1 bilhão, numa previ­são conservadora. O resultado de Roncador foi publicado em ata de reunião de 7 de janeiro, mas a Petrobrás informou que ainda não recebeu comunicação oficial. Nos próximos meses, a ANP divulgará a revisão dos ou­tros dez campos e, segundo as fontes, deve manter o rigor nas avaliações, levando a Petrobrás a aumentar investimento, maquinário, eficiência e produção nos campos mais antigos.

O objetivo da ANP é reverter o declínio, que chegou a 40% em campos antigos entre 2011 e 2012, enquanto a Petrobrás direcionou os olhos para o pré-sal.

O pedido para que a Petrobrás revisse os planos de desenvolvi­mento foi feito pela ANP no ano passado. A Petrobrás apresen­tou projetos para recuperar os campos, mas o resultado da ava­liação de Roncador divulgado nesta semana mostra que a ANP considera os esforços insuficien­tes e exigirá mais da companhia.

Se não cumprir as determina­ções da agência, algumas imedia­tas, a Petrobrás será autuada. Ao cumprir, precisará aumentar suas metas de produção. Nesse caso, poderia ter de elevar a cur­va já na próxima revisão do pla­no de negócios, em meados des­te ano. "A ANP defende os inte­resses dá nação. A Petrobrás está produzindo aquém do que pode­ria. A agência quer garantir que estão sendo aplicadas as melho­res práticas da indústria", disse a fonte ligada à agência.

No caso de Marlim, a produ­ção encolheu a menos de um ter­ço: passou de 600 mil barris por dia, em 2002, para 192 mil barris por dia, em agosto passado. A Pe­trobrás só está conseguindo manter estável a produção pois a queda de campos antigos é compensada pela elevação de produ­ção em novos campos do pré-sal.

Parte dos equipamentos que a ANP está exigindo pode vir de áreas cujo período de exploração está chegando ao fim. No en­tanto, segundo uma fonte, o nú­mero de sondas liberadas não passaria de cinco e será insufi­ciente. Nesse caso, a se manter o mesmo rigor da ANP nos próxi­mos campos, a Petrobrás terá de realocar ou contratar novas son­das e equipamentos.

Entre as possibilidades da companhia está a realocação de unidades previstas para o pré-sal. No limite, a Petrobrás pode estudar a redução de participa­ções em alguns campos, para via­bilizar os investimentos.

A ANP vai rever em dezembro se a Petrobrás cumpriu as exigên­cias quanto a Roncador. Se não tiver justificativas para possíveis descumprimentos (por exem­plo, não conseguir licença am­biental para perfuração), a em­presa pode ser multada, explica a fonte ligada à agência.