Título: Em dez anos, 400 milhões entraram na classe média
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/01/2013, Economia, p. B6

Há uma década, 23% dos trabalhadores estavam nessa categoria; hoje esse índice chega a 40%, segundo a OIT

Genebra

Nos últimos dez anos, 400 milhões de pessoas passaram a fazer parte da classe média e, nos próximos cinco anos, pela primeira vez, mais de 50% dos trabalhadores em países emergentes não serão considerados pobres.

Os dados foram publicados ontem pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). Mas a entidade alerta que, diante da crise que insiste em permanecer nos países ricos e sua contaminação entre os emergentes, o ritmo de expansão da classe média nos países em desenvolvimento poderá sofrer um freio nos próximos anos.

A OIT classifica a classe média com base em uma renda de US$ 4 a US$ 13 ao dia e não esconde que espera que esse novo segmento compense a queda no consumo nos países ricos.

Há dez anos, 23% dos trabalhadores eram considerados integrantes classe média. Hoje, esse índice chega a 40%. Em uma década, 401 milhões de pessoas entraram para esse grupo. As projeções da entidade apontam que, até 2017, outros 390 milhões de trabalhadores sairão da pobreza e passarão a fazer parte da nova classe média e que, pela primeira vez, atingirá a marca de 51% nesses países.

A América Latina e o Brasil são destaques. O aumento nos salários permitiu que a taxa de pobreza caísse de 44% em 2002 para 30,2% em 2012 na região. A classe média passou de 63% dos trabalhadores latino-americanos em 2001 para 78% em 2012.

Freio. Na América Latina, o tamanho da classe média ficará praticamente inalterado nos próximos cinco anos, passando de 78% para 80%. Na região, a população que ganha menos de US$ 2 por dia cairá de 8,5% em 2012 para 5,8% em 2017.

Em outras partes do mundo, a crise nos países ricos vai afetar a capacidade dos pobres em reduzir a miséria. Em dez anos, 281 milhões de pessoas passaram a ganhar mais de US$ 1,25 por dia, índice que define a extrema pobreza. Em dez anos, a redução da pobreza garantiu que o índice de miséria entre trabalhadores fosse reduzido de 53% para 33%.

Mas a OIT alerta que 397 milhões de pessoas ainda vivem abaixo da linha da pobreza e outras 472 milhões não têm como pagar por necessidades básicas. /J.C.