Título: Peemedebista entrega moradias inacabadas no reduto eleitoral
Autor: Rizzo, Alana
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/01/2013, Nacional, p. A4

Renan entregou 600 imóveis em Arapiraca; moradores denunciam problemas de infiltração, acabamento e fiação

Em Arapiraca, segunda maior ci­dade de Alagoas, o senador Re­nan Calheiros (PMDB-AL) sor­teou e entregou mais de 600 ca­sas do maior conjunto habitacio­nal do Minha Casa, Minha Vida no Estado. As unidades do Resi­dencial Brisa do Lago foram en­tregues inacabadas, apesar do laudo de vistoria da Caixa Econô­mica Federal atestar a existên­cias de itens de conforto e de segurança que nunca existiram nas unidades habitacionais.

Beneficiários e representantes da construtora Engenharq assina­ram o relatório afirmando que fo­ram instaladas cerâmicas, rodapé, louças, azulejos, além de interfone e instalação para telefone. Fora do papelório da CEF, nada foi feito.

Renan participou, em outu­bro de 2011, da cerimônia ao lado do ex-prefeito da cidade Luciano Barbosa (PMDB), ex-minis­tro da Integração Nacional e membro da diretoria do partido no Estado. Com cerca de 10 mil moradores, o conjunto de casas inauguradas há cerca de um ano já deixa transparecer abaixa qualidade da construção.

Reboco e forro solto, fiação elétrica exposta, infiltrações, portas quebradas, entre outras incontáveis reclamações. Os imóveis, segundo os moradores, foram entregues "pela metade".

O "check" com a marcação no SIM foi dado em todos os itens da lista da Caixa. Na coluna "ou­tros", que não tinha qualquer es­pecificação, o engenheiro marcou "sim/condição boa". "Na hora de pedir o voto, eles prometem que a casa vai ter cerâmica, que a porta vai ser de vidro e tudo mais. Agora entregaram tudo pela metade e de­pois você não acha uma pessoa pa­ra reclamar. Até a fechadura da porta eles colocaram a mesma em todas as casas. O pessoal foi tro­cando porque a mesma chave abria a porta do vizinho", queixou-se Ana Paula dos Santos, que vive no bairro com os cinco filhos.

A qualidade das instalações elétricas provocou revolta nos últimos dias, após uma criança morrer queimada dentro de ca­sa. Um curto circuito teria provocado o incêndio. A Engenharq, que fez as obras do Brisa, virou uma especialista no programa.

Os contratos somam R$ 185,7 milhões e as casas da empresa já estão em quatro municípios. O ge­rente da empresa, Lizandro Rego, afirma que trabalha "no limite do que é estabelecido pela Caixa". "Inicialmente, as unidades, como aquelas do Brisa, tinham custo de R$ 38 mil. Agora passaram para R$ 57 mil, mas também aumentou a exigência. Antes eu podia entre­gar com o piso batido. Agora não e tenho que colocar até aquecedor solar, que é uma bobagem aqui no Nordeste. As pessoas vão é ven­der." A empresa admite as falhas no Brisa e diz que está aperfeiçoan­do seus procedimentos para os novos projetos. Procurada, a prefei­tura não respondeu aos questiona­mentos.