Título: Foram instituições privadas que colocaram programa PSI de pé
Autor: Neder, Vinicius ; Durão, Mariana
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/01/2013, Economia, p. B4

Criado no auge do impacto da crise financeira internacional na economia brasileira com o obje­tivo de estimular a indústria, o Programa de Sustentação do In­vestimento (PSI) do Banco Na­cional de Desenvolvimento Eco­nômico e Social (BNDES) saiu do papel graças ao empenho de instituições privadas. Praticamente quatro de cada cinco reais do programa passaram pelas mãos de um gerente de banco pri­vado antes dé chegar às empre­sas.

O Banco do Brasil, responsá­vel pela operação de boa parte da carteira do BNDES, não foi o mais agressivo no caso específi­co do PSI. O Bradesco foi a insti­tuição que mais emprestou, e as­sumiu maior risco das opera­ções do programa. Desde 2009, foram R$ 29,3 bilhões. O Banco do Brasil emprestou R$ 24,3 bi­lhões.

"Com a presença capilar que temos no Brasil, conseguimos ter um grau de captura do PSI", avaliou Osmar Roncolato Pinho, diretor do Departamento de Em­préstimos e Financiamentos do Bradesco. "Tem que ser uma ação perene, para a solução de retomada do investimento", afir­mou o executivo.

Em nota, o Itaú Unibanco dis­se que "é intenção do banco se­guir liberando recursos de acor­do com o interesse dos clientes e, assim, estimular os investi­mentos na economia brasileira".

O banco responde pelo terceiro maior volume de empréstimos do Programa de Sustentação do Investimento.

Linhas. O PSI injetou R$ 148,6 bilhões em financiamentos de exportação, projetos de inovação e na compra de máquinas e equipamentos por empresas desde 2009. Bancos públicos, como BB e Caixa Econômica Federal, e agências de fomento, como a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), responderam por 21% do total, segundo dados obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação.

Desde o início da crise financeira, o governo faz apelos para que a iniciativa privada dividisse com o BNDES o papel de financiar grandes projetos de infraestrutura, que exigem empréstimos de longo prazo.

Os números obtidos pela re­portagem mostram que há inte­resse dos bancos privados em atuar no segmento, mas empres­tando o dinheiro "mais barato" do BNDES, com juros baixíssi­mos.

Maior banco do País em ati­vos, o BB não aceita a pecha de segundo colocado no PSI. Isso porque o banco foi o maior ope­rador de recursos do BNDES, quando computadas todas as li­nhas existentes.

Foram R$ 24 bilhões no ano passado, quase o mesmo que Bra­desco (R$ 12,4 bilhões) e Itaú (R$ 12 bilhões), somados. Outro indicativo do engajamento do BB: o banco emitiu 7 de cada 10 cartões do BNDES, voltados pa­ra micro e pequenas empresas.

Investimento. "O investimento está atrelado ao BB", afirmou Walter Malieni, vice-presidente de Crédito do banco. "O BB atua de forma mais global, tem um vo­lume bem maior. Historicamen­te somos líderes em desembol­so, com ampliação." Os bancos privados fazem a análise de crédi­to do cliente e assumem o risco da operação, já que o BNDES não possui agências bancárias.

O financiamento só é aprova­do para aquisição de máquinas e equipamentos cadastradas pelo BNDES, que também verifica se a documentação do cliente está em ordem. Quando a operação ultrapassa R$ 10 milhões, toda a análise é feita pelo BNDES. Há, ainda, auditorias por amostra­gem.