Título: Cunha divide PMDB com sua candidatura a líder de bancada
Autor: Nossa, Leonencio ; Rizzo, Alana
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/01/2013, Nacional, p. A6

Lançamento de seu nome contraria Michel Temer e Henrique Alves, mas tem apoio de Eduardo Paes e Sérgio Cabral

Contrariados com a insistência do deputado Eduardo Cunha (RJ) em levar adiante a disputa pela liderança do PMDB na Câma­ra, o atual líder, Henrique Eduar­do Alves, em campanha pela presidência da Casa, e o vice-presiden­te da República Michel Temer se afastaram do companheiro, com quem atuaram em total sintonia nos últimos anos. Não pedem vo­tos para Cunha e, ao contrário, temem uma possível divisão da bancada, em caso de vitória do parlamentar fluminense.

Outra preocupação é o fato de a presidente Dilma Rousseff não ter nenhuma simpatia por Cunha. Temer não quer problema com Dilma no momento em que o PMDB tentar garantir a ree­dição da aliança com o PT na cam­panha pela reeleição em 2014.

Nada disso abalou a disposi­ção de Cunha - carioca de 54 anos que está no terceiro manda­to e formou sua base no eleitora­do evangélico - em comandar a segunda maior bancada da Câ­mara, com 78 deputados.

O deputado já obteve apoio do governador do Rio, Sérgio Ca­bral (PMDB) e do prefeito da ca­pital, Eduardo Paes (PMDB). Os deputados locais também fecha­ram apoio. Cabral e Paes avaliam ser importante um líder do Rio no momento em que o Estado lu­ta pela manutenção dos royalties do petróleo, por exemplo.

Alves fará campanha hoje no Rio, ao lado de Cunha, Cabral e Paes, anfitriões de um almoço oferecido à bancada fluminense, de 46 deputados. Cunha nega constrangimento. Lembra que ajudou a criar a candidatura do líder à presidência da Câmara e é natural que peça apoio para ele.

Irregularidades. No Rio, Cunha enfrentou três inquéri­tos no Tribunal de Contas do Es­tado (TCE), que investigou su­postas irregularidades quando o deputado presidiu a Companhia de Habitação do Estado do Rio de Janeiro (Cehab), entre 1999 e 2000. Os inquéritos foram arquivados. O parlamentar é alvo de um inquérito no Supre­mo Tribunal Federal que investi­ga suposto tráfico de influência em favor de um ex-diretor da Re­finaria de Manguinhos. Cunha nega qualquer ação ilegal. "Esse inquérito no Supremo estápara- do. Não sou réu em processo al­gum, nada", diz Cunha.