Título: O BC anima os economistas sobre o PIB de 2012-2013
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/01/2013, Economia, p. B2

O Comitê de Política Monetária (Copom), reunido ontem e hoje, deve ter ficado feliz ao receber o IBC-Br do Banco Central (BC), um índice - que busca antecipar, mês a mês, o resultado do Produto Interno Bruto (PIB). Com efeito, para o mês de novembro o índice registrou um aumento de 0,40% (superior à mediana das previsões, de 0,20%), acusando, em 12 meses, crescimento de 1,32%. Esse resultado foi suficiente para que alguns economistas revisassem suas estimativas do PIB de 2012 para 1,1%.

A melhora do IBC-Br é atribuída ao setor dos serviços, especialmente aos bancos - malgrado um recuo da produção industrial e do consumo ampliado do setor varejista. Falta, no entanto, um fator essencial na formação do PIB: o crescimento dos investimentos. Para o mês de dezembro, o consumo das famílias é que ditará a evolução do PIB de 2012. Deixará, de qualquer maneira, um carry over exíguo que não será decisivo para o sonhado crescimento de 3,6% do PIB de 2013.

Para esse resultado, não se pode contar com melhora sensível do contexto internacional, a despeito de alguns sinais de que a economia norte-americana está se recuperando lentamente, o que não é o caso na União Europeia. Apesar de uma taxa cambial menos valorizada, também não se pode contar com uma elevação de exportações para esses países.

Portanto, é no mercado interno que o PIB pode encontrar fatores de crescimento. Até agora, a demanda doméstica foi o fator que mais contribuiu. O problema a enfrentar neste ano, para manter o fluxo das vendas do varejo, será a eliminação progressiva da isenção ou redução do IPI sobre veículos, artigos da linha branca e móveis, a menos que a indústria consiga, como já conseguiu, prolongar as isenções. Seria muito mais eficiente se, em vez de favores a alguns setores de atividade, o governo tivesse a coragem de reduzir a sua carga fiscal de modo geral.

Confirmado o retorno da cobrança do IPI cheio, pode-se prever um forte recuo da demanda doméstica, que afetará negativamente o PIB. O que dizer, então, da produção industrial, que a cada ano aumenta o seu descasamento com a demanda interna?

O último estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostrou que, até agora, o setor manufatureiro não se mostra preparado para investir no aumento da sua capacidade de produção, preferindo importar (a um custo menor) os componentes. E temos de acrescentar que a decisão do governo de fazer neste ano grandes investimentos em infraestrutura até agora não se concretizou.