Título: ONU prevê dificuldades no PIB do Brasil em 2013
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/01/2013, Economia, p. B3

Na América do Sul, País só vai crescer mais que Argentina e Venezuela, e expansão da economia ficará abaixo da média dos demais emergentes

Só a Argentina e a Venezuela crescerão menos que o Brasil em 2013 na América do Sul. Da­dos divulgados ontem pela ONU apontam que o Brasil crescerá abaixo da média dos emergentes neste ano e adver­te que uma desaceleração da China teria impacto mais pro­fundo na economia brasileira que uma crise na zona do euro ou uma recessão nos EUA.

Segundo um informe da ONU, um aprofundamento da crise da dívida na Europa tiraria, em 2013, mais 0,1 ponto porcentual do PIB brasileiro. Os cálculos in­dicam que a volta de uma crise nos EUApor causa do abismo fis­cal também tiraria 0,1 ponto do PIB brasileiro no ano. Já uma de­saceleração ainda maior da Chi­na, o maior destino das exporta­ções nacionais, teria o potencial de fazer o PIB do Brasil recuar 0,4 ponto neste ano. Se esse cená­rio for mantido, a queda em 2014 seria de 1,1% e de 1,7% em 2015.

Os dados, segundo os analis­tas, revelam a dependência do Brasil em relação à China. Na mé­dia mundial, o cenário seria um pouco diferente. O PIB mundial perderia 0,3 ponto com a crise na zona do euro, ante 0,4 com uma desaceleração da China. Mas o abismo fiscal americano retira­ria 1,2 ponto do PIB global.

Considerando, entretanto, um cenário de recuperação, os dados indicam que a economia brasileira vai crescer 4% em 2013. 0 índice representa uma re­visão parabaixo em comparação com as estimativas de junho de 2012, que apontavam crescimen­to do PIB de 4,5%.

Se a taxa de 2013 é bem supe­rior à de 2012, a realidade é que o Brasil ficará uma vez mais bem atrás dos demais emergentes e mesmo da maioria dos países da região. A ONU reviu para baixo a expansão dó PIB mundial, redu­zindo-a de 2,7% para 2,4%.

No caso do Brasil, a esperança é de um ano melhor. Mas a ONU deixa claro que, entre os vizi­nhos sul-americanos, só dois te­rão desempenho mais fraco. A Argentina crescerá 3,2% em 2013 e a Venezuela terá expansão de 2,5%. Uruguai, Chile, Peru e Para­guai estão entre os que terão de­sempenho melhor que o Brasil.

De 24 países latino-america­nos avaliados, 13 crescerão mais que o Brasil. Para a ONU, o de­sempenho de toda a região está ligado diretamente ao que ocor­ra no País. Em 2013, o ontinente terá crescimento de 3,9% no PIB, cima dos 3,1% de 2012, ano que a queda de importação da China e da Europa afetou a região.

Entre as maiores economias emergentes, a taxa também será superior à do Brasil. Em 2013, a projeção é de 5,1%. Dos 25 maio­res emergentes, 11 crescerão mais que o Brasil, incluindo China, Colômbia, índia e Peru. O País continuará abaixo da média em 2014. Apesar da expansão projetada ser de 4,4%, a média dos emergentes será de 5,6%.

Inflação. Apesar do crescimen­to abaixo da média dos demais emergentes, o Brasil sofrerá maior pressão inflacionária que em 2012. Para este ano, a proje­ção da ONU é de que a inflação supere os 5,8%, ante 5,3% no ano passado. Em 2014, o índice pre­visto é de 5%. A pressão sobre os preços no Brasil será superior à média dos emergentes, que têm projeção de 5,2% em 2013.