Título: Sem surpresas, Copom mantém Selic em 7,25%
Autor: Cucolo, Eduardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/01/2013, Economia, p. B4

Apesar de admitir que houve piora no "balanço de risco pa­ra a inflação" no curto prazo, o Banco Central manteve a ta­xa básica de juros em 7,25% ao ano na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) realizada ontem. Ao justificar a decisão, o BC afirmou que a recuperação da atividade do­méstica é menos intensa do que o esperado e que o ambien­te internacional continua "complexo".

A instituição repetiu o discur­so de que a "estratégia mais ade­quada para garantir a convergên­cia da inflação para a meta" conti­nua sendo a manutenção dos ju­ros nesse nível "por um período de tempo suficientemente pro­longado". A taxa básica está nes­se patamar, o menor da história recente, desde outubro de 2012.

Ao falar da "convergência da inflação para a meta" de 4,5%, o BC retirou do comunicado uma expressão que havia sido usada nas reuniões do Copom de outu­bro e novembro, de que a queda do índice de preços se daria "de forma não linear", ou seja, com momentos de alta e de baixa. Agora, disse apenas que sua es­tratégia visa a garantir o recuo da inflação.

Unanimidade. A decisão de on­tem foi unânime e já era espera­da por praticamente todo o mer­cado financeiro. A expectativa agora fica por conta da ata da reu­nião, documento que será divul­gado na quinta-feira da próxima semana e que trará mais deta­lhes da avaliação que o BC faz sobre a economia neste momen­to. O Copom volta a se reunir nos dias 5 e 6 de março, poucos dias depois da divulgação do Pro­duto Interno Bruto (PIB) do últi­mo trimestre de 2012.

Na avaliação de vários econo­mistas, o BC terá de administrar os juros em um cenário de infla­ção em níveis elevados, mas com baixo risco de estourar o limite da meta, e previsões de cresci­mento abaixo do esperado pelo governo.

Hoje, as projeções mostram expansão em torno de 1% para 2012 e pouco acima de 3% na mé­dia do período 2013-2015. 0 espa­ço para estimular a economia por meio de mudanças nos ju­ros, no entanto, continua limita­do. O próprio BC calcula que a inflação deverá ficar acima do centro da meta neste e no próxi­mo ano.

A avaliação anterior do BC sobre a inflação era a de que, no curto prazo, ou seja, nos próxi­mos meses, os índices de preços mostrariam resistência, mas de­vem cair ao longo de 2013. Essa afirmação contribuiu para que a maioria dos analistas avaliasse que não está nos planos do gover­no novo aumento dos juros nes­te ano.

Segundo levantamento do ser­viço AE Projeções, da Agência Es­tado, feito antes da reunião de ontem, apenas 14 analistas, en­tre 79 consultados, esperam alta de juros neste ano. Entre eles, Bradesco Corretora, BNP Pari- bas e Votorantim Corretora. Ou­tras 10 instituições e consulto­rias avaliam que a taxa básica de­ve cair em algum momento em 2013. Entre elas, estão bancos co­mo Santander e Itaú Unibanco, que têm uma projeção de 6,25% para o fim deste ano.

Para o economista-chefe da LCA, Bráulio Borges, a alta de ju­ros só deve começar em 2014.