Título: Bibi busca coalizão de centro-direita
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Fonte: O Estado de São Paulo, 24/01/2013, Internacional, p. A9

Negociações. Primeiro-ministro de Israel faz oferta ao Yesh Atid, prometendo colocar no topo da agenda de seu próximo governo as bandeiras sociais e econômicas defendidas pelo partido do novjfto Yair Lapid, que se tornou a segunda principal força política do país

Enfraquecido após a eleição de terça-feira, ò primeiro-ministro de Israel, Binyamin "Bibi" Netanyahu, lançou ontem uma ofensiva para atrair à base govemista o partido centrista Yesh Atid, que se tornou a segunda maior força política do país. Resultados finais confirmaram que a coalizão Likud-Yisrael Beiteinu, liderada por Netanyahu, perdeu 11 lugares, enquanto partidos de centro e centro-esquerda expandiram sua presença no Parlamento.

Após a votação, olíder do Yesh Atid, o novato na política Yair Lapid, descartou a possibilidade de formar uma coalizão anti-Netanyahu com a esquerda e o apoio de partidos árabes. Assim, não haverá disputa pela cadeira de primeiro-ministro. Lapid não revelou se aceita se aliar ao atual líder do governo, embora tenha afirmado que o recado das urnas é que "nós (israelenses) temos de trabalhar juntos".

Antes, emuma entrevista coletiva, Netanyahu havia feito uma oferta ao centrista, prometendo colocar no topo da agenda do próximo governo as bandeiras sociais e econômicas defendidas pelo Yesh Atid. "Os israelenses querem que eu continue na liderança do país e construa uma coalizão com três grandes mudanças internas", disse o premiê. Elas seriam uma "divisão mais justa" das responsabilidades na sociedade israelense - uma indireta contra os privilégios de grupos ortodoxos preços mais baixos para habitação e "uma mudança no sistema de governo".

A resposta de Lapid também veio por meio da imprensa. Ele disse que ficou "contente" com o fato de Netanyahu ter falado " sobre !o que realmente é importante para nós e para todos os que amam Israel". E garantiu "Não formaremos alianças com as Hanins Zoabis da vida", uma referência à deputada árabe que vem causando polêmica no cenário político israelense em razão de sua defesa dos palestinos.

Avigdor Lieberman, o companheiro de chapa e ex-chanceler de Netanyahu, reforçou a campanha em busca do apoio de Lapid, dizendo que o líder do Yesh Atid seria a "escolha natural" para o Ministério das Finanças. "Não há dúvidas de que, com 19 cadeiras na Knesset (Âssembleia), Lapid ocupará um posto-chave no governo", disse Lieberman. Segundo ele, os eleitores israelenses pediram "uma mudança dramática e não algo apenas cosmético".

Do outro lado do espectro político, a líder dos trabalhistas, Shelly Yacimovich, exortou Lapid a não migrar para o governo e se unir ao bloco de oposição ao atual premiê. "Peço a ele que não entre no governo Netanyahu, cujo objetivo é desmantelar a classe média israelense", disse

Shelly, prometendo uma oposição israelense "combativa jamais vista". Com as eleições, os trabalhistas passaram de 8 a 15 cadeiras no Parlamento.

Um dos pontos principais da campanha do Yesh Atid é o combate aos "privilégios" dos ultraortodoxos em Israel, que são parcialmente isentos do serviço militar e recebem amplos benefícios fiscais. Líderes da legenda centrista também afirmam que o retorno às negociações de paz com os palestinos é precondição para uma eventual entrada no governo Netanyahu.

Ao assumir o governo, em 2009, o premiê impôs uma moratória de dez meses na construção em assentamentos, a qual não foi renovada. Desde então, as negociações com a Autoridade Palestina estão paralisadas.

REUTERSe AP

Binyamin Netanyahu,

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