Título: Eletrobrás discute opções para redução de custos
Autor: Monteiro, Tânia ; Moura, Rafael Moraes
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/01/2013, Economia, p. B1

Queda da tarifa de energia impõe nova realidade financeira à companhia, mas não deve haver venda de ativos

O Conselho de Administração da Eletrobrás se reúne amanhã, no escritório do Rio, com a missão de avaliar propostas de redução de custo que permitam à empresa adequar o caixa à nova realidade financeira. Diante da redução de receita imposta pelo pacote do governo de queda da tarifa de energia, serão apresentadas aos conselheiros algumas alternativas de corte de gasto. Mas não há previsão de deliberações de medidas mais extremas, como a venda de ativos.

Está fora da pauta, por exemplo, qualquer decisão sobre a venda das distribuidoras federalizadas, que acumulam perdas financeiras e, por isso, são consideradas um peso morto nas contas da estatal, adiantou uma fonte ouvida pela Agência Estado. A divulgação na imprensa de soluções para os ativos de distribuição "deve gerar tensão na reunião de amanhã", disse ele. Os conselheiros não foram informados previamente sobre os projetos e consideraram a notícia uma demonstração de falha de governança corporativa da diretoria da estatal.

Embora não haja medidas concretas sendo tomadas, a redução de custo é pauta recorrente nos encontros do conselho da Eletrobras desde o anúncio da Medida Provisória n.° 579, no ano passado, quando foi definida a queda da tarifa de energia e consequente retração da receita.

Um dos pontos de destaque a ser avaliado amanhã será a adequação da estrutura da empresa para que o dinheiro a ser pago pelo governo como indenização por investimentos não amortizados nas usinas "velhas", cujas concessões foram prorrogadas, seja gasto em novos investimentos e não em custos fixos, atendendo à determinação da MP.

Como as despesas ainda estão inchadas e o dinheiro da indenização entra no caixa a partir deste mês, há o receio de que o recurso acabe sendo usado no pagamento dos gastos triviais, em vez de atender à exigência do governo de reinvestimento em usinas e linhas de transmissão.

A adequação da estrutura da Eletrobrás está indicada em nota técnica da Assembleia Geral Extraordinária de 3 de dezembro de 2012, a mesma reunião na qual foi definida a adesão da empresa ao pacote do governo de queda da tarifa de energia. As mudanças preveem a retração dos gastos com a estrutura física, pessoal, cargos comissionados, gratificações e terceirização dos recursos humanos.

Outra prioridade do conselho de administração, que não necessariamente será analisada nessa reunião, é uma reforma societária para que a controladora tenha mais influência sobre as decisões das subsidiárias.

Pela forma como o estatuto está estruturado atualmente, as controladas têm autonomia para tomar decisões que, muitas vezes, contrariam os interesses da holding, ressaltou a fonte. A ideia é fortalecer o poder da controladora para garantir melhorias na gestão.

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