Título: PF indicia 9 sob suspeita de desvio em programa federal
Autor: Macedo, Fausto ; Brandt, Ricardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/01/2013, Nacional, p. A7

A Polícia Federal indiciou, por crimes de peculato, falsidade ideológica, formação de qua­drilha, sonegação de contri­buições previdenciárias, frau­de a licitação e lavagem de di­nheiro, nove envolvidos no desvio de recursos públicos concedidos no âmbito do Pro­grama Segundo Tempo, do go­verno federal, para a ONG Pra Frente Brasil, com sede em Jaguariúna (SP).

A principal acusada é a ex-vereadora e ex-jogadora de basque­te Karina Valéria Rodrigues, fun­dadora e coordenadora da orga­nização não governamental, segundo a PF. Em julho de 2012, com a participação da Controladoria Geral da União, a PF cum­priu sete mandados de busca e apreensão visando apreender do­cumentos relacionados ao caso em três empresas que seriam de fachada, dois escritórios de con­tabilidade e na casa de um supos­to laranja, em Jaguariúna e Pe­dreira, interior de São Paulo.

Segundo a Polícia Federal, "a ONG comandada por uma ex-vereadora de Jaguariúna e que exer­cia suas atividades na mesma co­mo se fosse empregada, promo­veu várias alterações do estatuto social, fazendo figurar em sua di­retoria diversas pessoas, sendo que algumas delas tinham idade avançada e sequer frequentaram a entidade".

"As irregularidades foram comprovadas com a análise dos documentos apreendidos", acen­tua a PF, em nota. A ONG, um dos pivôs do escândalo que der­rubou em 2011 o ministro Orlan­do Silva (PC do B-SP), recebeu da União mais de R$ 30 milhões, entre 2007 e 2011. Pelo menos R$ 4 milhões teriam sido desviados.

Segundo a PF, ficou confirma­do que existiam empresas, regis­tradas em nome de terceiros e controladas pela ex-vereadora, para emitir notas fiscais para a organização, entregando os pro­dutos em quantidade e qualida­de inferior à contratada, sendo que grande parte dessas notas eram contabilizadas nas empre­sas pela metade do valor apresen­tado para pagamento à ONG.

Segundo a investigação, as contratações feitas pela ONG pa­ra implantar 180 núcleos de es­porte educacional em 13 cidades do Estado de São Paulo, promo­vendo a prática de esportes para 18 mil crianças, adolescentes e jovens, seriam direcionadas pa­ra empresas em nome de pes­soas ligadas à ex-atleta. As fir­mas seriam de fachada para des­viar os recursos.

Cheques. Na casa de um dos in­vestigados, titular de uma das empresas suspeitas, foram encontrados canhotos de cheques, com a letra da ex-vereadora, de duas empresas que seriam con­correntes no fornecimento pará a ONG. Constatou-se também que a indiciada utilizava esses cheques das empresas fornece­doras da ONG para o pagamento de despesas pessoais, como o dentista e o salário de emprega­da doméstica.

A ex-jogadora de basquete ain­da não foi notificada do indiciamento. Ela nega as acusações e diz que agora poderá se defender na Justiça.