Título: Governo aumenta gasolina em 6,6% e óleo diesel em 5,4% a partir de hoje
Autor: Valle, Sabrina ; Torres, Sergio
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/01/2013, Economia, p. B1

Com atraso de sete meses des­de que a Petrobrás expôs a ne­cessidade de aumentar em 15% o preço da gasolina e do óleo diesel, o governo federal autorizou ontem a empresa a reajustar, a partir da 0h de ho­je, o valor cobrado pelos com­bustíveis nas refinarias. A ga­solina aumentou 6,6%. O die­sel, 5,4%. O informe sobre o au­mento foi divulgado à noite pe­la petroleira, em comunicado à Comissão de Valores Mobi­liário (CVM). Segundo consul­torias, o impacto no bolso do consumidor pode variar entre 4,2% e 5,3%.

"Esse reajuste foi definido le­vando em consideração a políti­ca de preços da companhia, que busca alinhar o preço dos deriva­dos aos valores praticados no mercado internacional em uma perspectiva de médio e longo prazo", diz a Petrobrás no comu­nicado.

A companhia avisou ao gover­no no ano passado, quando da elaboração do Plano de Negó­cios vigente, que precisaria rea­justar a gasolina e o diesel em 15%, de forma a conseguir finan­ciar os investimentos de US$ 236,5 bilhões previstos para o pe­ríodo 2012-2016.

Em 25 de junho, a gasolina foi reajustada nas refinarias em 7,83%. Agora, faltaria cerca de 7% para que a pretensão da esta­tal fosse atendida. O diesel rece­beu dois reajustes desde então. Um de 3,94%, em 25 de junho e outro de 6%, em 16 de julho.

Apesar de o porcentual de rea­juste da gasolina ser pouco abai­xo do previsto no Plano de Negó­cios, o aumento concedido no diesel poderá compensar o resul­tado. O diesel é o combustível com maior impacto no balanço da companhia. Os preços da ga­solina e do diesel sobre os quais incide o reajuste anunciado, não incluem os tributos federais Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico (Cide) e PIS/Cofms e o tributo estadual Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

Preocupada com a demora no reajuste, reclamado diversas ve­zes pela presidente Maria das Graças Foster, a diretoria da Pe­trobrás pediu ao Conselho de Ad­ministração, presidido pelo mi­nistro da Fazenda, Guido Mante- ga, um aumento rápido, ainda pa­ra este mês, dos preços do diesel e da gasolina, para não ter que cortar o Plano de Negócios.

O reajuste não acaba com a defasagem de preços dos combustí­veis vendidos pelas refinarias da Petrobrás em relação ao merca­do internacional, mas garante a continuidade de projetos e inves­timentos. Além de aliviar o caixa da companhia, que registra pre­juízo de cerca de US$ 1 bilhão ao mês com a diferença entre os pre­ços de importação de diesel e ga­solina e os praticados no País.

Impacto. O economista Fábio Romão, da LCA Consultores, cal­cula que, no varejo, o reajuste le­vará a uma alta de 5,3% na gasoli­na e de 4% no diesel. No ano, o principal índice de inflação do País deverá subir em 0,3 ponto porcentual por causa dos com­bustíveis. "Ainda assim, a redu­ção no custo da energia elétrica é preponderante."

O economista e sócio da Ten­dências Consultoria, Juan Jensen, afirmou à Agência Estado que o aumento da gasolina, de 6,6% na refinaria será equivalen­te a uma elevação de 4,2% na bomba dos postos. Como o peso da gasolina dentro do IPCA é de 3,89%, isso deve provocar um im­pacto total na inflação de 0,16 ponto porcentual: "Dado que o aumento vale a partir da zero ho­ra do dia 30, o impacto será as­sim distribuído: 0,01 ponto por­centual em janeiro e 0,15 ponto porcentual em fevereiro", afir­mou Jensen.

O diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adria­no Pires, afirmou considerar o reajuste insuficiente, mas que ali­via a empresa. Sobretudo, acres­centou, o reajuste demonstra que a presidente, da Petrobrás conseguiu convencer o governo da necessidade de aumento, mes­mo com a inflação em alta. Pires avalia que o reajuste impactará 0,13 ponto no índice de Preços ao Consumidor Amplo e de cer­ca de 4% na bomba. /colaborou RICARDO LEOPOLDO