Título: Posição delicada do Brasil no mercado do petróleo
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Fonte: O Estado de São Paulo, 30/01/2013, Economia, p. B2

O relatório do mer­cado de petróleo divulgado em 18 de janeiro pela Agên­cia Internacional de Energia (IEA) mostrou que a de­manda global da commodity supe­rou as expectativas e deverá atingir a média de 90,8 milhões de barris/dia neste ano, 240 mil acima do que foi previsto em novembro e 930 mil bar­ris/dia acima da média de 2012. "Os mercados estão mais apertados do que esperávamos", segundo os espe­cialistas em petróleo da IEA.

O aumento da demanda é um ligei­ro sinal de reativação da economia global. Não há sinais de desequilíbrio entre a demanda e a oferta (média de 91,2 milhões de barris/dia, em dezem­bro). Mas, com a queda das exporta­ções de petróleo da Arábia Saudita e do Iraque, os preços tenderam à alta. Entre 28/12 e 28/1, de fato, houve uma elevação média de 3,4% nas cotações do petróleo tipo Brent, de US$ 110,84 para US$ 114,69. 0 maior responsável pela demanda é a China, cuja econo­mia dá sinais de retomada.

O Brasil não está em situação favo­rável, no curto prazo. A IEA estima que a produção média do País, neste, será de 2,27 milhões de barris/ dia. Mas, apesar do início da produ­ção de novos campos, três fatores li­mitarão a oferta: parada para manu­tenção da plataforma P-53, do Cam­po de Roncador, em fevereiro, e da P-40, no Campo de Marlim, em abril; a expectativa de que o programa de eficiência da Petrobrás (Proef), que pretende sustentar a produção no mé­dio prazo, resulte em diminuição da extração, no primeiro semestre; e, en­fim, o atraso já previsto da retomada da produção do Campo de Frade e do início da operação do Campo Papa Terra - para o primeiro trimestre de 2014. O efeito líquido negativo sobre a produção deste ano é estimado em 80 mil barris/dia.

Ao mesmo tempo, o Brasil vem se destacando entre os maiores consu­midores de petróleo do mundo, com elevação da demanda de 155 mil bar­ris/dia no quarto trimestre do ano passado, em relação a igual período de 2011. O aumento do consumo no País só foi inferior ao da China, e se­melhante ao dos Estados Unidos. O Brasil é, agora, o 6.° maior consumi­dor mundial de petróleo, ocupando o lugar que era da Arábia Saudita.

Não há o que comemorar, pois, se­gundo notícia do jornal Valor, a área de abastecimento da Petrobrás perde mensalmente R$ 1,8 bilhão (foram R$ 21,7 bilhões, em 12 meses, até se­tembro de 2012), porque o País im­porta gasolina e óleo diesel por preço superior ao que vende, subsidiando o consumo. A continuação desse prejuí­zo torna provável que a estatal tenha de adiar os investimentos no pré-sal.