Título: Produção industrial de dezembro foi a pior em 2 anos e meio
Autor: Villaverde, João ; Fernandes, Adriana
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/01/2013, Economia, p. B4
Resultado indica que as medidas adotadas pelo governo no 2º semestre ainda não surtiram efeito na indústria
As medidas adotadas pelo governo no segundo semestre do ano passado para impulsionar a economia ainda não surtiram o efeito desejado na indústria. A produção no mês de dezembro teve o pior resultado dos últimos dois anos e meio, de acordo com dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Isso indica que a demanda não está tão forte e não chegou às fábricas.
A atividade industrial teve forte recuo em relação ao verificado em novembro. O indicador da CNI passou, neste período, de 49,8 pontos para 41,2 pontos. Quanto mais distante esse índice fica dos 50 pontos, pior e mais disseminada é a situação da produção entre os setores.
Com baixa na atividade, a ociosidade das fábricas teve forte crescimento em dezembro. O indicador de utilização da capacidade instalada diminuiu para 70% no último mês de 2012, ante 74% em novembro.
"Aquilo que parecia ser um indicativo de melhora da atividade verificado nos últimos meses não se materializou. Pelo contrário. Para a maioria das empresas, a produção recuou, e recuou mais do que costuma recuar em dezembro", afirmou o gerente executivo de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco.
O que chama a atenção, segundo o executivo, é o fato de que o período de ajuste de estoques da indústria de transformação finalmente chegou ao fim, após mais de um ano. O indicador que leva em conta o estoque efetivo em relação ao planejado ficou em 50,4 pontos, ante 49,5 pontos em novembro, o quarto mês consecutivo nesse nível de equilíbrio.
Dúvidas. A expectativa era que a produção fosse retomada quando o período de ajustes terminasse. Como isso. não aconteceu, o quadro é de dúvidas sobre a trajetória futura da indústria. "Isso acende uma luz amarela", disse Castelo Branco. Ainda assim, os empresários estão confiantes e acreditam que 2013 será melhor que o ano que passou.
A expectativa dos industriais para a demanda nos próximos seis meses cresceu para 58,4 pontos em janeiro, ante 54,6 em dezembro. A maioria pretende aumentar o número de empregados e as compras de matérias-primas ao longo do primeiro semestre.
Esse otimismo vem do mercado interno, pois as empresas não esperam um crescimento nas exportações. O indicador de quantidade exportada caiu para 51,8 pontos em janeiro, ante 52,6 em dezembro.
Para a CNI, medidas como a desoneração da folha de pagamento e a redução do custo da energia devem se refletir em uma demanda mais forte nos próximos trimestres.
"Talvez a estratégia de retomada do crescimento centrada apenas no consumo deva ser substituída por uma mais agressiva, com foco nos investimentos", avaliou Castelo Branco.