Título: Comércio com Índia ganha destaque na balança brasileira
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/01/2013, Economia, p. B7

Estudo do Ibre/FGV aponta que com recuo das vendas para China, país passou a comprar 74,5% mais do Brasil

O Brasil já não exporta para a China como em anos anteriores. Porém, está encontrando uma alternativa comercial em outros países asiáticos - "pequenas Chinas dentro da Ásia", segundo o economista e diretor de Relações Internacionais da Federação das indústrias do Estado de São Paulo, Roberto Gianetti da Fonseca.

A índia, sobretudo, passou a ocupar posição relevante nos negócios do Brasil com o continente. Mas também melhorou o comércio com Cingapura, Hong Kong, Formosa, Tailândia, Indonésia e Filipinas.

Estudo exclusivo do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/ FGV) aponta que, de 2009 a 2011, vinha crescendo o superávit da balança brasileira com a China, enquanto o saldo era deficitário com os demais países asiáticos. Esse cenário passou a mudar em 2012, quando a exportação para a China caiu 7% em relação a 2011, ao mesmo tempo que as vendas para os países asiáticos, com exceção da China e do Japão, cresceram 14,1%.

Do lado da importação, o retrato é semelhante: a contribuição chinesa para a balança brasileira evoluiu menos do que a dos demais asiáticos. Compramos 4,4% mais da China do que no ano anterior, enquanto as compras do segundo grupo caíram 8,6% - o que favorece a balança comercial do País. "Para explicar esse resultado, o desempenho das commodities é importante", ressaltou Lia Valls, economista do Ibre/FGV responsável pela pesquisa. Enquanto o comércio com a China foi prejudicado pela retração das vendas de minério de ferro, para os demais países prevaleceu a matéria-prima agropecuária e petróleo.

Apenas a Índia passou a comprar 74,2% mais do Brasil "Este não é um cenário conjuntural. É um espaço que está sendo conquistado há alguns anos", avaliou Gianetti, acrescentando que o petróleo também tem ocupado espaço de destaque com a Ásia. "A Petrobrás deve estar com um preço favorável. E a qualidade do petróleo influencia. Provavelmente, o produto nacional casa com o perfil das refinarias asiáticas", complementou.

Os óleos brutos de petróleo foram o grande responsável pelo ; avanço das exportações à índia : em 2012. Do total de US$ 5,57 bilhões vendidos ao país, R$ 3,43 bilhões foram gastos na compra do produto, o que representou 61,54% da pauta de exportação para o país e um acréscimo de 101,58% em comparação a 2011.

Para o professor de Economia do Ibmec e sócio da consultoria JK Capital, José Kobori, o Brasil se beneficia do momento da economia da índia, que deve divulgar crescimento do Produto Interno Bruto robusto em 2012, semelhante ao da China. Além disso, a alta do preço das commodities de energia, em sentido oposto à retração da cotação dos metálicos, favorece o resultado da balança comercial com a índia em comparação com a China.