Título: Falcão acusa Ministério Público de ação partidária
Autor: Madueño, Denise
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/01/2013, Nacional, p. A5

Presidente do PT não cita Gurgel, mas critica a "manipulação" contra Lula; em ataque à mídia, diz que sigla deve combater oposição sem cara, mas com voz

No dia seguinte à confirmação de que a Procuradoria-Geral da República dará encaminha­mento às acusações do empre­sário Marcos Valério Fernan­des de Souza contra o ex-presi­dente Luiz Inácio Lula da Sil­va, o presidente do PT, Rui Fal­cão, atacou a mídia e acusou setores do Ministério Público Federal de atuação partidária.

Na reunião da bancada do PT na Câmara, Falcão referiu-se a "altos funcionários de Estado", que, em conluio com setores da mídia, fazem a "real oposição" ao governo. "Há setores do Mi­nistério Público que têm tido atuação partidária. Evidente ago­ra com essa manipulação em tor­no do presidente Lula em uma ação deliberada do setor partidá­rio", afirmou Falcão.

O procurador-geral, Roberto Gurgel, confirmou que vai enca­minhar as acusações de Marcos Valério para a primeira instân­cia do MPF. Em depoimento, Va­lério afirmou que parte do di­nheiro do esquema do mensalão foi usada para pagar despe­sas pessoais de Lula.

Falcão evitou personalizar a crítica a Gurgel, mas concordou quando o deputado Fernando Ferro (PT-PE) nomeou o procu­rador-geral como oposição ao go­verno. Ferro defendeu uma fisca­lização do Congresso sobre a atuação de Gurgel.

O presidente do PT disse que o principal objetivo do partido é o combate à oposição "sem cara, mas com voz", que tenta desqua­lificar a política. "São esses a quem nomeei aqui que tentam interditar a política no Brasil, ao mesmo tempo, desqualificando a política. Quando desqualifica­mos a política, a gente abre cam­po para aventuras golpistas. A gente abre campo para experiên­cias que no passado levaram ao na­zismo e ao fascismo."

Rui Falcão afirmou ser essa oposição mais forte do que a par­tidária e fez referência a uma de­claração de Maria Judith Brito, vice-presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ) - de abril de 2010, quando ela presi­dia a entidade. "É a oposição extrapartidária que se materializa em declaração de Judith Brito. "Como a oposição não cumpre o seu papel, nós temos de fazê- lo"", afirmou o petista.

Procurada, a vice-presidente da ANJ não foi localizada. A enti­dade informou que não iria se pronunciar sobre a afirmação do presidente do PT.