Título: Aécio busca aval de Alckmin para disputa em 2014
Autor: Duailibi, Julia ; Boghossian, Bruno
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/01/2013, Nacional, p. A6

Senador esteve com governador para articular apoio do paulista a sua candidatura à Presidência e também para comandar o PSDB

O senador Aécio Neves esteve ontem em São Paulo para cos­turar apoio do governador Ge­raldo Alckmin à sua candidatu­ra para comandar o PSDB.

O comando do principal parti­do de oposição é uma etapa que o presidenciável tucano pretende cumprir como forma de se forta­lecer na disputa pelo Palácio do Planalto em 2014 - inicialmente o mineiro resistiu à proposta por temer que ficaria excessivamen­te exposto. Ele quer que o proje­to presidencial seja feito a "qua­tro mãos" com Alckmin, de olho numa aliança envolvendo o maior colégio eleitoral do País.

Aécio e Alckmin já haviam con­versado sobre a candidatura do mineiro à Presidência no final do ano passado, em encontro no apartamento do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Na ocasião, Alckmin teria dito: "Conte com São Paulo". A declaração foi interpretada como um sinal verde a sua candidatura.

Aécio também teria ontem à noite uma conversa com o ex-govenador José Serra, que deu sinais a aliados de que não está fora do jogo de 2014.

O almoço com Alckmin no Pa­lácio dos Bandeirantes foi um gesto simbólico de Aécio, que ainda não havia tido uma conver­sa a sós com o governador. Com Alckmin, Aécio busca uma unida­de interna para disputar a Presi­dência - Serra e o mineiro man­tém uma relação difícil, princi­palmente após a eleição de 2010.

Ontem, o senador defendeu o espaço de paulistas na direção do partido, que será renovada em maio. O mineiro ofereceu a secretaria-geral, segundo cargo de maior importância na estrutu­ra do PSDB. A tendência é que o posto fique com um parlamen­tar paulista. Hoje a vice-presi­dência é ocupada pelo ex-gover­nador paulista Alberto Gold­man, ligado a Serra. O senador Aloysio Nunes Ferreira, outro aliado de Serra, chegou a ser cota­do para assumir a vice no lugar de Goldman ou a liderança do PSDB no Senado.

Percurso. A interlocutores Alckmin disse que ainda é cedo definir a candidatura à Presidên­cia. Afirmou porém que o minei­ro tem a maioria do partido para colocar em curso o seu projeto político e que, portanto, não pre­tende fazer resistência a ele.

O governador paulista tam­bém teria sugerido a Aécio que percorra o País para começar a trabalhar as linhas principais de uma eventual campanha à Presi­dência daqui a dois anos.

Aécio avaliava que Alckmin po­deria pleitear a Presidência, mas nos últimos meses o governador só tem emitido sinais de que tra­balha pela sua reeleição, inclusi­ve conversando com partidos aliados sobre uma aliança em 2014 que dê sustentação a sua candidatura. Uma eventual polarização interna entre o mineiro e o paulista ficará para 2018, quan­do Alckmin deve postular tam­bém a candidatura ao Planalto.

Nas últimas semanas, o grupo de Serra começou a ventilar que Alckmin poderia ser candidato à Presidência. Também passaram a defender a realização de pré­vias ou primárias para escolher o candidato ao Planalto - a ação visa fazer um contraponto à he­gemonia de Aécio e negociar es­paço na direção do PSDB.

Os tucanos ligados ao ex-go­vernador se dividem entre os que acham que o momento é de Aécio - e que Serra deveria dispu­tar o Senado em 2014 - e os que veem ainda espaço para ele plei­tear a candidatura a presidente.