Título: Ações da Petrobrás têm queda de 5,12%
Autor: Valle, Sabrina
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/01/2013, Economia, p. B4

Mercado considerou reajuste de combustíveis insuficiente para cobrir prejuízo; estatal deve pleitear novo aumento só em meados do ano

As ações ordinárias (com direito a voto) da Petrobrás caíram 5,12% ontem, com o mercado considerando os reajustes de combustíveis de 6,6% para gasolina e 5,4% para diesel insuficientes para estancar a sangria de caixa da empresa. As altas devem engordar o caixa entre R$ 6,9 bilhões e R$ 7,8 bilhões ao longo do ano, segundo analistas.

Mas a expectativa de aumentos maiores que os concedidos frustrou o mercado. Além disso, as perdas acumuladas por causa da defasagem de preços em relação ao mercado internacional foram maiores no ano passado do que serão os ganhos em 2013. Foram R$ 25,1 bilhões pelo ralo em 2012, no cálculo do Bradesco, valor considerado irrecuperável.

"A decisão do reajuste parece ter partido do princípio de que é melhor pouco do que nada. Mas a verdade é que este pouco não sana as pressões sobre o caixa", disse a analista da Concórdia, Karina Freitas.

Segundo uma fonte da petroleira, a companhia só deve voltar a pleitear reajustes de combustíveis na próxima revisão do plano de negócios qüinqüenal, em meados do ano. Até lá, com a inflação em alta, não se considera haver espaço para novos pedidos, embora a defasagem se mantenha. Em setembro de 2012, a direção da petroleira cogitou cortar projetos por falta de caixa, caso não saísse o aumento neste mês. Os reajustes desde junho passado devem assegurar os projetos da companhia até a próxima revisão. A empresa, ao mesmo tempo que luta para engordar o caixa, é pressionada pelo governo -seu sócio controlador - a investir para estimular a economia.

"O reajuste abaixo do esperado provavelmente aumentará o sentimento negativo quanto à intervenção governamental na Petrobrás e na performance de suas ações", disseram em relatório os analistas Paula Kovarsky e Diego Mendes, da Itaú BBA.

O próximo plano de negócios pode conter mais ou menos projetos de acordo com. a saúde financeira da empresa e da perspectiva de reajustes. O plano, com projetos e investimentos, é revisado a cada ano. O documento de 2012-2016 foi divulgado em junho e previa reajuste de 15% nos combustíveis para financiar os US$ 236,5 bilhões previstos no período, um montante 5,2% maior do que o ano anterior.

O atual plano pôs US$ 27,8 bilhões (11,7% do total) dos investimentos "em avaliação". A nova categoria foi criada para projetos que poderiam ser cortados se não tivessem viabilidade financeira, ou seja, se não fosse aprovado ou faltasse caixa. O próximo plano, de 2013-2017, deve sair entre junho e agosto.

Um pequeno alívio para a companhia é esperado nos próximos meses, com o aumento do porcentual de etanol na gasolina de 20% para 25%, mas ainda assim o aperto de caixa se mantém. A Petrobrás perde ao importar gasolina e diesel a cotações internacionais, vendendo-os a preços mais baixos no mercado interno.

Para o Credit Suisse, a defasagem da gasolina está em 13% e a do diesel em 24%. "O aumento de preços por si só é uma boa notícia, mas talvez nem tanto quando se considera que o mercado estava esperando aumentos de 7% a 10% para já e de 10% a 15% para cada um desses dois combustíveis em todo o ano de 2013", dizem os analistas Emerson Leite, Vinicius Canheu e André Sobreira, do Credit. /COLABORARAM EULINA OLIVEIRA E ANDRÉ MAGNABOSCO

KARINA FREITAS ANALI “A decisão do reajuste parece ter partido do princípio de que é melhor pouco do que nada. Mas a verdade é que este pouco não sana as pressões sobre o caixa."