Título: Apesar de polêmicas, Coêlho é eleito na OAB
Autor: Gallucci, Mariângela; Lupion, Bruno
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/02/2013, Nacional, p. A7

Advogado do Piauí venceu eleição ontem e comandará entidade pelos próximos três anos

Após muita polêmica e dispu­ta política, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) elegeu ontem o secretário-geral da entida­de, Marcus Vinícius Furtado Coêlho, como novo presiden­te. Com 64 votos, Coêlho foi declarado vencedor. O outro candidato, o vice-presidente da OAB, Alberto de Paula Machado, recebeu 16 votos.

Na eleição, na qual votaram os 81 conselheiros federais da Or­dem, houve o registro de um vo­to em branco. Há 15 anos, a OAB não assistia a uma disputa eleito­ral - nas últimas cinco eleições, prevaleceu a chapa única.

Novo responsável por presi­dir uma entidade que conta com orçamento anual de R$ 30 mi­lhões e tem aproximadamente 750 mil filiados, Coêlho disse du­rante a campanha que pretende adotar na OAB as mesmas regras da Lei de Acesso a Informação, que regulamentou o direito do cidadão a requerer e receber in­formações de órgãos públicos.

Apoiado por 22 das 27 seccio­nais da OAB, Coêlho tomará pos­se hoje do cargo, sucedendo Ophir Cavalcante, que presidiu a entidade nos últimos três anos.

O novo presidente da OAB completou 41 anos ontem e fez sua carreira no Piauí. É o presiden­te mais jovem da história da OAB.

Ele responde por improbidade ad­ministrativa e é alvo de documen­tos que o relacionam a tentativa de regularizar terras devolutas em nome do seu escritório. O can­didato derrotado é do Paraná.

Liminar. A eleição de ontem en­volveu até disputa judicial. Na noite de quarta-feira, a Justiça Federal concedeu uma liminar garantindo ao advogado Danilo Mota o direito de ser reconduzi­do ao cargo de conselheiro titu­lar da OAB. Reeleito, Mota afir­mou que foi afastado por retalia­ção política pelo fato de ter decla­rado que votaria em Coêlho.

Durante à campanha, Coêlho afirmou ao Estado que seu no­me representa um movimento que deseja "oxigenar" a Ordem e negou que a entidade seja presi­dida por "alguém escolhido pe­los cardeais".

Cursos e plebiscito. Ele propõe um congelamento na abertu­ra de novos cursos de direito e a criação de um grupo de trabalho entre a OAB e o MEC para reali­zar uma inspeção especial sobre os cursos que não conseguem aprovar no exame de Ordem aci­ma da média nacional.

Coêlho promete convocar um plebiscito, em novembro, para que os advogados do Brasil deci­dam se a eleição para o Conselho Federal deve ser direta. Ele, con­tudo, não manifesta sua opinião a respeito do voto direto. "Te­nho o compromisso de não in­fluenciar de qualquer modo, de não expressar minha opinião pessoal sobre isso."

Na campanha, ele não poupou críticas à administração do Judi­ciário e criticou os "gastos exage­rados" nos órgãos de cúpula. Se­gundo Coêlho, os recursos são "encastelados" e sobra pouco pa­ra investimento na modernização das varas de primeira instância.