Título: Mercado de trabalho: o que esperar em 2013?
Autor: Amorim, Daniela
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/02/2013, Economia, p. B1

O mercado de trabalho teve um desem­penho surpreendentemente bom em 2012. O desemprego caiu à mínima histórica, enquanto o rendimento real aumentou 3,2%. Surpreendente, pois isso aconteceu com o PIB crescendo apenas 1%.

Olhando esses resultados, o que esperar para 2013? Aqui há duas considerações: uma, mais usual, em que grau a melhora no nível de ativida­de será suficiente para derrubar ainda mais o de­semprego; outra, menos comum, em que grau o baixo desemprego limitará o crescimento..

Um PIB que cresce 1% em geral não produz alta no emprego, nem no rendimento, como em 2012. Os economistas não têm explicação segura por que no ano passado foi diferente. Mas especulam que as empresas estão retendo trabalhadores par­cialmente ociosos, com receio de não achá-los de­pois se a economia crescer mais rápido. Além dis­so, o crescimento dos últimos anos favoreceu des­proporcionalmente setores intensivos em mão de obra - comércio, construção e outros serviços.

Um crescimento moderado em 2013 deve man­ter essas forças operando, ampliar a demanda por trabalho, empurrar o desemprego para baixo e o salário para cima. O grande risco é que haja alguma desaceleração mais forte e as empresas deixem de reter trabalhadores ociosos, o que desencadearia uma forte correção no mercado de trabalho. Que nada disso tenha acontecido em 2012 indi­ca que o risco desse cenário é baixo.

Mas será que o mercado de trabalho ainda tem espaço para acomodar uma alta significati­va do emprego? O receio que muitos têm - inclu­sive, aparentemente, o Banco Central, a julgar pela última ata do Copom - é que não. É revela­dor, nesse sentido, que o número de horas traba­lhadas, que aumentou 2,5% ao ano entre 2002 e 2008, desde então subiu apenas 1% ao ano.

Mais do que em 2012, portanto, este será o ano do mercado de trabalho. Para o bem, em termos de alta significativa de rendimentos; pa­ra o mal, em termos de pressão inflacionária.