Título: Na indústria, contraste entre fatos e prognósticos
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/02/2013, Economia, p. B2

A maioria dos últimos dados de produção da indústria emgeral e da construção civil mostrou recuo, segundo as pesquisas da Confederação Na­cional da Indús­tria (CNI) e o Indicador de Nível de Atividade (INA), da Fiesp. A despei­to disso, o futuro continua sendo vis­to com otimismo, conforme outro le­vantamento, o índice de Confiança da Indústria (ICI) da FGV.

As pesquisas espelham a discrepân­cia suscitada por informações díspa­res sobre o comportamento da indús­tria. Até especialistas a constatam, como o gerente executivo de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, que declarou à repórter Anne Warth, do Estado: "O que parecia ser um indicativo de melhora da ativi­dade verificada nos últimos meses não se materializou. Pelo contrário. Para a maioria das empresas, a produ­ção recuou mais do que costuma re­cuar em dezembro".

É usual que o ritmo da indústria seja mais forte até novembro, para atender à demanda do comércio, caindo em dezembro. Mas, no mês passado, o nível de produção registra­do pela CNI ficou em apenas 41,2 pon­tos - e abaixo de 50 pontos está no campo negativo. Foi o menor índice da série, iniciada em janeiro de 2011.

A frustração foi maior porque se tem como encerrado o período de desova de estoques, ao qual se deveria suce­der o aumento da produção, o que não ocorreu. Caiu, inclusive, o indica­dor do número de empregados - o Caged, do Ministério do Trabalho, mostrou corte de 178 mil vagas na indústria de transformação.

A construção civil, cujo comporta­mento tem sido melhor que o da in­dústria em geral, registrou, em janei­ro, segundo a Sondagem da Indústria da Construção, diminuição do nível de atividade pelo oitavo mês consecu­tivo. A queda atingiu, em especial, empresas de médio porte. A utiliza­ção da capacidade foi de apenas 69% e houve redução do quadro de pes­soal: 91 mil empregos com carteira assinada, na construção, foram supri­midos no mês passado.

Há uma aparente contradição en­tre os dados da situação industrial do final do ano com as projeções para os próximos meses. Na indústria em ge­ral, o índice de demanda futura mos­trou crescimento do otimismo, pas­sando de 54,6 pontos, em dezembro, para 58,4 pontos, em janeiro. Na cons­trução civil, esse indicador evoluiu de 56,3 pontos para 59,3 pontos, nos mesmos períodos.

Em resumo, os industriais pare­cem acreditar nas projeções otimis­tas para este ano, apesar de elas te­rem sido desmentidas pela realidade do passado recente.